Punk rock, hardcore, sabe onde é que faz?
É lá no Alto José do Pinho, berço de vários grupos de destaque, onde Cannibal lança neste sábado um livro com todas as letras da banda Devotos
texto: CAIO PONCIANO | caioponciano@outlook.com
Publicação: 01/09/2018 03:00
“Punk rock, hardcore, sabe onde é que faz? Lá no Alto José do Pinho, é do caralho”. Anunciava Cannibal, no disco Agora tá valendo (1997), o primeiro da banda Devotos do Ódio (atual Devotos), oriunda da comunidade da Zona Norte do Recife. Matalanamão, Faces do Subúrbio, III Mundo, A Ostenta e B.U. são outros nomes que nasceram no Alto José do Pinho e se destacaram no cenário punk entre os anos 1980 e 1990. Formada por Cannibal (baixo e voz), Neilton (guitarra) e Cello (bateria), a Devotos sempre apostou em letras que expõem os problemas da comunidade, como desigualdade social, preconceito e intolerância. “Coloco nas músicas o que eu vejo e o que eu vivo. No início, eu participava do movimento punk do Recife e era claro o nosso inconformismo com a falta de políticas sociais dentro da comunidade”, conta o vocalista Marconi de Souza Santos. “Uma coisa é você protestar com ódio e raiva, outra coisa é protestar com esperança de que aquela situação pode mudar positivamente. A nossa bandeira é justamente transformar o quadro social através da música, beneficiando todo mundo”, continua o artista, que lança neste sábado, em parceria com a Cepe Editora, o livro Música para o povo que não ouve.
A publicação explora, em 196 páginas, cerca de 90 letras de todos os discos da Devotos e até de músicas nunca antes gravadas, que a banda só cantou no início da carreira, em 1988. Além disso, o livro traz fotografias, cartazes de shows, matérias de jornais e a história dos 30 anos do grupo, escrita por Cannibal e pelo diagramador e produtor Marcus AsBarr.
O evento de lançamento não poderia ser em outro local senão no Alto José do Pinho, a partir das 16h, com sessão de autógrafos e um pocket show do grupo. “Desde o movimento punk até os dias de hoje, a gente continua com a essência de levar arte e a nossa música para a comunidade. O lançamento de um livro, por exemplo, é algo que os moradores do Alto não esperam, por nunca ter acontecido antes. Vai ser na rua, na comunidade onde tudo começou”, afirma Cannibal. Para os interessados em adquirir a obra, haverá um quiosque com o livro à venda por R$ 30.
Em entrevista ao Viver, Cannibal contou que, apesar de o punk rock não ser um segmento musical tão forte no Recife, a Devotos conseguiu emplacar nos principais festivais do Brasil e do exterior. “A gente sempre tocou punk rock e evoluímos dentro da nossa arte, não só nas músicas, mas na identidade visual também. Com resistência, conseguimos fazer com que nossos discos fossem lançados na Europa”, diz o recifense que, no início, pensava em trabalhar nos bastidores, com organizações de shows e, hoje, é líder da maior banda punk de Pernambuco.
Entrevista - Cannibal // cantor
Por que esperar 30 anos para lançar um livro sobre a Devotos?
Quando a gente faz shows abertos a todo tipo de público, as pessoas que não são ligadas ao rock geralmente chegam junto e dizem que a nossa música é legal, mas que não entendem nada do que eu estou cantando. A gente dá risada, mas se preocupa ao mesmo tempo. O nosso som é um furacão sonoro, um turbilhão muito forte, mas tem letras com temáticas sociais que estão sendo cantadas e, quando vão para o papel, viram poesia. Foi aí que veio a ideia de escrever o livro. Apesar de a gente cantar essas músicas há anos, tê-las em livro desperta um pensamento diferente e até uma curiosidade para ver um show nosso com outros olhos.
Todas as letras da carreira estão no livro?
A ideia foi colocar todas as músicas da Devotos, de 1988 até 2018. O novo disco, O fim que nunca acaba, só será lançado em 22 de setembro, mas, como o livro é atemporal, achamos importante ter todas as letras que já gravamos até aqui, por isso as novas também entraram. Além delas, tem também letras de músicas que não lançamos em disco nenhum e que só cantamos em nossos primeiros shows.
Recentemente, Neilton inaugurou exposição sobre a trajetória da banda e, agora, você lança o livro. É possível falar em nome do grupo nesses projetos individuais?
Sempre estivemos muito ligados e essa energia que um passa para o outro é tão positiva que é possível extrair o que o outro quer, seja através de uma letra ou pintura. Isso tudo anda junto, como a nossa verdade. Conheço Neilton desde a infância e ele conseguiu expressar em quadros e desenhos o que a gente toca e a nossa mensagem.
A publicação explora, em 196 páginas, cerca de 90 letras de todos os discos da Devotos e até de músicas nunca antes gravadas, que a banda só cantou no início da carreira, em 1988. Além disso, o livro traz fotografias, cartazes de shows, matérias de jornais e a história dos 30 anos do grupo, escrita por Cannibal e pelo diagramador e produtor Marcus AsBarr.
O evento de lançamento não poderia ser em outro local senão no Alto José do Pinho, a partir das 16h, com sessão de autógrafos e um pocket show do grupo. “Desde o movimento punk até os dias de hoje, a gente continua com a essência de levar arte e a nossa música para a comunidade. O lançamento de um livro, por exemplo, é algo que os moradores do Alto não esperam, por nunca ter acontecido antes. Vai ser na rua, na comunidade onde tudo começou”, afirma Cannibal. Para os interessados em adquirir a obra, haverá um quiosque com o livro à venda por R$ 30.
Em entrevista ao Viver, Cannibal contou que, apesar de o punk rock não ser um segmento musical tão forte no Recife, a Devotos conseguiu emplacar nos principais festivais do Brasil e do exterior. “A gente sempre tocou punk rock e evoluímos dentro da nossa arte, não só nas músicas, mas na identidade visual também. Com resistência, conseguimos fazer com que nossos discos fossem lançados na Europa”, diz o recifense que, no início, pensava em trabalhar nos bastidores, com organizações de shows e, hoje, é líder da maior banda punk de Pernambuco.
Entrevista - Cannibal // cantor
Por que esperar 30 anos para lançar um livro sobre a Devotos?
Quando a gente faz shows abertos a todo tipo de público, as pessoas que não são ligadas ao rock geralmente chegam junto e dizem que a nossa música é legal, mas que não entendem nada do que eu estou cantando. A gente dá risada, mas se preocupa ao mesmo tempo. O nosso som é um furacão sonoro, um turbilhão muito forte, mas tem letras com temáticas sociais que estão sendo cantadas e, quando vão para o papel, viram poesia. Foi aí que veio a ideia de escrever o livro. Apesar de a gente cantar essas músicas há anos, tê-las em livro desperta um pensamento diferente e até uma curiosidade para ver um show nosso com outros olhos.
Todas as letras da carreira estão no livro?
A ideia foi colocar todas as músicas da Devotos, de 1988 até 2018. O novo disco, O fim que nunca acaba, só será lançado em 22 de setembro, mas, como o livro é atemporal, achamos importante ter todas as letras que já gravamos até aqui, por isso as novas também entraram. Além delas, tem também letras de músicas que não lançamos em disco nenhum e que só cantamos em nossos primeiros shows.
Recentemente, Neilton inaugurou exposição sobre a trajetória da banda e, agora, você lança o livro. É possível falar em nome do grupo nesses projetos individuais?
Sempre estivemos muito ligados e essa energia que um passa para o outro é tão positiva que é possível extrair o que o outro quer, seja através de uma letra ou pintura. Isso tudo anda junto, como a nossa verdade. Conheço Neilton desde a infância e ele conseguiu expressar em quadros e desenhos o que a gente toca e a nossa mensagem.