Barro faz balanço de sua turnê europeia
Cantor e compositor já passou pela Itália e pela Espanha e ainda se apresentará em Portugal, antes de encerrar a viagem na Bélgica
Allan Lopes
Publicação: 28/04/2025 03:00
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Os dois primeiros discos do cantor, Miocárdio e Somos, saíram por um selo italiano |
Primeiro veio Pernambuco. Depois, o Brasil. E, desde o início deste mês de abril, o cantor e compositor Barro está fazendo a Europa lhe ouvir durante a turnê internacional do seu álbum Língua, lançado em 2024. A expedição musical passou pela Itália, Espanha e segue até maio, com shows marcados em Lisboa e no Porto, em Portugal, antes do grand finale em Bruxelas, na Bélgica.
A viagem para o Velho Continente é o resultado de um plano a longo prazo que foi construído pouco a pouco. Tudo começou com os primeiros discos, Miocárdio (2016) e Somos (2018), lançados pelo selo italiano A Buzz Supreme. O caminho se expandiu ainda mais com sua viagem para a Espanha, após a indicação ao Grammy Latino em 2023, pela produção do álbum Meu Esquema, da cantora baiana Rachel Reis, dividida com o músico Guilherme Assis. “Fui costurando essa turnê de forma artesanal, peça por peça”, revela Barro em entrevista exclusiva ao Viver.
Nesse contexto, o idioma nunca seria um obstáculo para Língua, álbum que já nasceu poliglota. Herdeiro da veia pop de seus antecessores, ele mistura batidas latino-americanas e melodias de brega funk, criando uma síntese única entre raízes populares e o eletrônico. Uma fusão que, nos palcos europeus, dispensou traduções. “Tive a chance de tocar para um público majoritariamente italiano, que gosta de música brasileira, mas que me conhecia pouco. As pessoas iam pelos eventos e acabavam interessadas pelo meu trabalho, se conectando, seguindo, curtindo o som. Foi uma experiência muito marcante”, destaca o pernambucano.
O poder dessa conexão musical se materializa em dados concretos: de um máximo de quatro shows no exterior, o cantor saltou para dez apresentações nesta turnê, somadas a outros compromissos que podem trazer novas oportunidades. “Vivemos num país cheio de obstáculos. Viajar já é um desafio para qualquer brasileiro. Então, conseguir romper essas barreiras e circular com minha música pelo mundo tem um valor imenso para mim’, celebra o artista.
Mais do que números, esses shows também representam a continuidade de um legado. Na esteira de Chico Science e Naná Vasconcelos – que levaram o sotaque e a melodia de Pernambuco para o mundo –, Barro constrói sua posição nessa linhagem de artistas cuja megalomania recusa-se a caber em um só lugar. “Fico muito feliz de poder levar minha música e dialogar com o mundo, mas sempre partindo daqui. Quando dou entrevista numa rádio de fora, por exemplo, eles sabem de onde eu venho. Eu sou do Recife, de Pernambuco, da terra de Alceu Valença, de Lenine, de Chico Science, de Luiz Gonzaga. Isso me conecta, e sinto que tem gente que respeita muito isso”, diz.
O cantor, que já possuía base de fãs no exterior através das plataformas digitais, em que músicas como Fogo Tenaz e Poliamor estão entre as mais tocadas, valoriza a importância do encontro no palco. “Se eu vou a qualquer cidade do Norte, do Sudeste ou do Centro-Oeste e encontro pessoas que se conectam com minha música, fico imensamente feliz. Mas poder expandir isso, criar pontes entre lugares como Bruxelas e Altamira, é verdadeiramente mágico”, celebra ele, testemunha de que a música pernambucana não pede visto e consegue fazer de qualquer palco do mundo um lar.