"É um dos cinemas mais potentes que temos" Ao Viver, Lázaro Ramos fala sobre a homenagem recebida pelo Festival de Cinema Brasileiro de Paris, que traz a temática do negro no cinema brasileiro na 23a edição, no tradicional L'Arlequin

DANILO LIMA
danilo.lima@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 02/07/2021 03:00

Mesmo com os obstáculos para viagens internacionais, o cinema nacional continua rodando o mundo. Uma das próximas paradas é a França, com a 23ª edição do Festival de Cinema Brasileiro de Paris, aberta ontem e com programação até domingo. Realizado pela Jangada VoD, o evento retoma o formato presencial, mais uma vez no tradicional cinema de rua parisiense L’Arlequin. “Era muito importante fazer fisicamente por várias razões, incluindo os desafios que estamos passando no Brasil com um governo que detesta cultura. Fazer o festival sem patrocínio e mostrar a continuidade do cinema nacional é uma forma de resistência”, diz a organizadora Kátia Adler.

Sob a temática do negro no cinema brasileiro, a edição deste ano tem como homenageado o ator Lázaro Ramos, que apresenta o seu primeiro longa como diretor, Medida provisória, ainda inédito no Brasil. Outras obras estreladas por ele também serão exibidas, como o clássico Madame Satã, de Karim AÏnouz, Tudo que aprendemos juntos, de Sérgio Machado, e O beijo no asfalto, de Murilo Benício.

Medida provisória é inspirado na peça Namíbia, Não!, de Aldri Anunciação, e é protagonizado por Taís Araújo, esposa de Lázaro. Seu Jorge, Alfred Enoch, Renata Sorrah, Adriana Esteves, Mariana Xavier e Emicida também estão no elenco. Além dele, outros 18 longas, de clássicos a estreias brasileiras, serão apresentados ao público. Entre as ficções, tem Veneza, de Miguel Falabella, e Marighella, de Wagner Moura. Nos documentários, os destaques são Babenco, de Bárbara Paz, e Alvorada, de Anna Muylaert e Lô Politi, que encerra o festival trazendo uma nova perspectiva sobre o impeachment de Dilma Rousseff. “É uma porta de entrada para que os distribuidores possam ver os filmes e a reação do público na sala de cinema, para que se interessem em comprar e distribuir os filmes brasileiros aqui na França ou mundialmente”, explica Kátia Adler.