O que há por trás do "bandido bom é bandido morto"?
Artista plástico Renato Valle lança revista com ilustrações nas quais reflete sobre as execuções e a relação entre política e religião
André Guerra
andre.guerra@diariodepernambuco.com.br
Publicação: 09/05/2022 03:00
Seis anos atrás, o artista plástico Renato Valle se deparou com uma pesquisa encomendada pelo fórum de segurança pública que apontava mais de 60% da população brasileira favorável à pena de morte. Intrigado com o posicionamento majoritário, ele começou uma busca para elencar pessoas que foram executadas a partir das leis vigentes nos devidos regimes, desde antes da era cristã, passando também pelo período colonial brasileiro, pela pena de morte nos Estados Unidos, pela Segunda Guerra Mundial e pelas execuções dos estados totalitários na Rússia e na Espanha. A revista Bandido bom é bandido morto, que tem apoio da Cepe Editora e foi lançada na última semana na Arte Plural Galeria (APG), no Bairro do Recife, é o resultado dessa pesquisa e reúne 20 ilustrações impressas na publicação, além dos textos escritos pelo artista.
Chamou a atenção de Renato a contradição no fato de 90% do povo brasileiro se declarar cristão (Censo 2010) e mais de dois terços da população apoiar a frase que dá título à revista e que reflete principalmente os padrões de julgamento de uma execução. Entre os personagens elencados no projeto estão Frei Caneca, Olga Benário, a escrava Rosa, Joana D'arc, Garcia Lorca e Danton, executados a partir de preceitos religiosos, políticos, morais ou ideológicos, com total aporte institucional do Estado e algumas também por sistemas judiciais. O mais revelador da pesquisa, portanto, é perceber que todos os condenados eram considerados bandidos e nenhum foi condenado de maneira ilegal.
Além de levantar a provocação acerca dessa contradição de o maior país cristão do mundo ter maioria que apoia a execução de bandido, Renato Valle debate com preocupação a junção de religião com a política. “Vi em paralelo que no Brasil, entre 2010 e 2017, foram fundadas quase 60 mil novas igrejas e grupos filosóficos, uma média de 25 por dia, mais de um a cada hora. Os números são assustadores, porque, sabemos, que muitos destes grupos são casas de negócios e não centros religiosos. Me preocupo bastante com essa forma de se fazer política de maneira muito atrelada à religião e acho sempre fundamental tratar os assuntos investigando as raízes deles. Isso é o que estou fazendo na revista”, afirma Renato.
“As pautas sociais e de interesse geral não podem ser associadas apenas a questões partidárias. Eu sou, antes de tudo, alguém interessado em levar as pessoas à reflexão sobre suas próprias convicções e valores. A revista intenta despertar essa discussão e levar os interessados a entenderem melhor o que está na base dos seus ideais”, completa.
As ilustrações originais podem ser conferidas na Arte Plural Galeria até hoje, gratuitamente, das 9h às 18h. A revista será enviada para parlamentares, congregações religiosas, formadores de opinião e para o público em geral, ganhando em breve também a versão digital no site do artista.
Chamou a atenção de Renato a contradição no fato de 90% do povo brasileiro se declarar cristão (Censo 2010) e mais de dois terços da população apoiar a frase que dá título à revista e que reflete principalmente os padrões de julgamento de uma execução. Entre os personagens elencados no projeto estão Frei Caneca, Olga Benário, a escrava Rosa, Joana D'arc, Garcia Lorca e Danton, executados a partir de preceitos religiosos, políticos, morais ou ideológicos, com total aporte institucional do Estado e algumas também por sistemas judiciais. O mais revelador da pesquisa, portanto, é perceber que todos os condenados eram considerados bandidos e nenhum foi condenado de maneira ilegal.
Além de levantar a provocação acerca dessa contradição de o maior país cristão do mundo ter maioria que apoia a execução de bandido, Renato Valle debate com preocupação a junção de religião com a política. “Vi em paralelo que no Brasil, entre 2010 e 2017, foram fundadas quase 60 mil novas igrejas e grupos filosóficos, uma média de 25 por dia, mais de um a cada hora. Os números são assustadores, porque, sabemos, que muitos destes grupos são casas de negócios e não centros religiosos. Me preocupo bastante com essa forma de se fazer política de maneira muito atrelada à religião e acho sempre fundamental tratar os assuntos investigando as raízes deles. Isso é o que estou fazendo na revista”, afirma Renato.
“As pautas sociais e de interesse geral não podem ser associadas apenas a questões partidárias. Eu sou, antes de tudo, alguém interessado em levar as pessoas à reflexão sobre suas próprias convicções e valores. A revista intenta despertar essa discussão e levar os interessados a entenderem melhor o que está na base dos seus ideais”, completa.
As ilustrações originais podem ser conferidas na Arte Plural Galeria até hoje, gratuitamente, das 9h às 18h. A revista será enviada para parlamentares, congregações religiosas, formadores de opinião e para o público em geral, ganhando em breve também a versão digital no site do artista.