A batalha para ser mãe
Embora 150 mil brasileiras precisem recorrer anualmente à reprodução assistida, só existem nove unidades públicas que prestam o atendimento
JULIA CHAIB
juliachaib.df@dabr.com.br
RENATA MARIZ
renatamariz.df@dabr.com.br
Publicação: 20/07/2014 03:00
Brasília - Depois de quatro tentativas marcadas pela frustração do insucesso, o que parecia impossível aconteceu. Marcela Lisboa Ramos, 33 anos, está grávida. Um sangramento no 21° dia de gestação assustou a brasiliense, calejada pelos altos e baixos inerentes aos tratamentos de fertilização. “Cheguei a pensar: ‘não vou nem me desesperar, já estou acostumada’. Fui triste para o médico, que verificou ter sido apenas um descolamento de placenta. Nem acreditei”, comemora. Com barriga de seis meses, Marcela prepara o enxoval do tão desejado Davi, na companhia do marido, com quem está casada há 17 anos e tem um filho adolescente, Pedro.
O segundo rebento do casal, que mora em Planaltina (DF), é fruto de uma verdadeira saga pela qual podem passar 150 mil pessoas por ano. Essa é a estimativa anual da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida sobre o número de mulheres no país que teriam de recorrer a um tratamento para engravidar. As chances de conseguirem são pequenas caso elas não tenham de R$ 12 mil a R$ 20 mil para custear o procedimento, uma vez que planos de saúde não cobrem e só existem nove centros públicos que fazem, segundo o Ministério da Saúde. Uma saída para aquelas cujo problema não afeta a produção de óvulos é doar o material a outras mulheres, em troca de ter o procedimento pago.
Tentativas
Foi exatamente o que fez Marcela, diante de uma infertilidade causada por problemas nas trompas. Primeiro tentou o serviço público do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB). Esperou quatro anos na fila, até conseguir atendimento. Lá, fez duas tentativas — quantidade máxima permitida por paciente, devido à demanda — e uma transferência de embrião congelado. Em vão. Até que procurou uma clínica, onde doou parte dos 22 óvulos que fecundou em troca do tratamento. A primeira tentativa no estabelecimento particular foi frustrada. Depois de exames minuciosos, a implantação deu certo. “Eu não teria dinheiro para pagar. Alguns conhecidos até estranharam a doação, mas é uma outra mulher que terá chances de engravidar”, analisa Marcela.
O segundo rebento do casal, que mora em Planaltina (DF), é fruto de uma verdadeira saga pela qual podem passar 150 mil pessoas por ano. Essa é a estimativa anual da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida sobre o número de mulheres no país que teriam de recorrer a um tratamento para engravidar. As chances de conseguirem são pequenas caso elas não tenham de R$ 12 mil a R$ 20 mil para custear o procedimento, uma vez que planos de saúde não cobrem e só existem nove centros públicos que fazem, segundo o Ministério da Saúde. Uma saída para aquelas cujo problema não afeta a produção de óvulos é doar o material a outras mulheres, em troca de ter o procedimento pago.
Tentativas
Foi exatamente o que fez Marcela, diante de uma infertilidade causada por problemas nas trompas. Primeiro tentou o serviço público do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB). Esperou quatro anos na fila, até conseguir atendimento. Lá, fez duas tentativas — quantidade máxima permitida por paciente, devido à demanda — e uma transferência de embrião congelado. Em vão. Até que procurou uma clínica, onde doou parte dos 22 óvulos que fecundou em troca do tratamento. A primeira tentativa no estabelecimento particular foi frustrada. Depois de exames minuciosos, a implantação deu certo. “Eu não teria dinheiro para pagar. Alguns conhecidos até estranharam a doação, mas é uma outra mulher que terá chances de engravidar”, analisa Marcela.