Homem passou anos em um cativeiro
Armando de Andrade foi resgatado trancado em um quarto onde pode ter passado os últimos 18 anos. No Rio, polícia identifica suspeitos de estupro coletivo
Publicação: 25/10/2016 03:00
![]() | |
Armando ficou preso no quarto úmido, de cerca de 16 m2, equipado apenas com uma cama e um balde |
Um homem que era mantido em cárcere privado foi resgatado pela Polícia Civil em Guarulhos, na Grande São Paulo. Armando Bezerra de Andrade, de 36 anos, foi encontrado em um cômodo, trancado a chave por fora, nos fundos de uma casa no bairro dos Pimentas, na periferia da cidade.
Segundo investigadores, Andrade estava desnutrido e desidratado. A polícia, no entanto, ainda investiga por quanto tempo ele ficou preso no quarto úmido, de cerca de 16 metros quadrados, equipado apenas com uma cama e um balde. Também havia um banheiro, com pia, chuveiro e vaso sanitário - todos em péssimo estado de conservação.Vizinhos acreditam que Andrade era mantido em cativeiro desde que deixou de ser visto na região, há cerca de 18 anos. Já a Polícia aguarda laudos do Instituto Médico Legal (IML) para determinar o período do cativeiro, mas suspeita que a vítima estivesse presa há menos tempo. “Nas condições em que foi encontrado, ele estaria morto em um mês”, diz o delegado Celso Marchiori, titular do 8º Distrito Policial de Guarulhos (Vila Nova Cumbica), responsável pelas investigações.
Ao ser resgatado, Andrade apresentava transtornos mentais e não conseguia falar, diz a polícia. Ele foi levado ao Hospital dos Pimentas, na mesma região, onde segue em proteção judicial.
Drogas
O pai da vítima, o porteiro Amâncio Bezerra de Andrade, de 67 anos, apresentou-se espontaneamente na delegacia. Aos policiais, ele afirmou que o filho havia saído de casa no fim da adolescência, retornado na segunda-feira da semana passada e pedido para ficar preso, uma vez que era usuário de drogas. Ele também teria pedido comida ao pai.
Segundo Marchiori, o pai não foi preso em flagrante porque fez apresentação espontânea. O delegado também diz que, na ocasião, não havia motivos legais para solicitar prisão preventiva - como risco de fuga ou de atrapalhar as investigações.
Os policiais descobriram o cativeiro por acaso. Eles foram cumprir um mandado de busca e apreensão, para uma investigação envolvendo roubo, mas erraram o número e acabaram entrando na casa de Andrade. O pai da vítima foi indiciado por cárcere privado e maus-tratos. Por enquanto, a madrasta e um irmão, que também moravam na casa, não foram incluídos no inquérito.
De acordo com o delegado, Andrade não estava acorrentado nem apresentava sinais de lesão no momento em que foi resgatado. Na parede do cativeiro, porém, há uma argola presa ao lado da cama, que poderia ser usada para amarrar a vítima.
Estupro no Rio
A Polícia Civil do Rio de Janeiro informou ontem que já identificou cinco suspeitos de terem participado do estupro coletivo de uma mulher de 34 anos em São Gonçalo, no Grande Rio, além dos dois adolescentes que já tinham sido presos em flagrante no dia do crime. A vendedora estava em um bar na comunidade onde vive, na madrugada de 17 de outubro, quando foi abordada pelos suspeitos e levada a um local para ser estuprada.
O crime foi flagrado por policiais militares, que faziam uma operação contra o tráfico de drogas na comunidade. Os dois adolescentes foram detidos e os demais suspeitos conseguiram fugir. A vítima informou que cerca de dez homens participaram da agressão.
A delegada Débora Rodrigues, da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) de São Gonçalo, deve encaminhar hoje ofício à de Direitos Humanos para incluir a vítima em um programa de proteção. (ComSecretaria as agências Estado e Brasil)