AVIãO DE TEORI » Aeronáutica cita 'desorientação do piloto'

Publicação: 23/01/2018 03:00

A investigação da Aeronáutica sobre a queda do avião que matou o ministro do STF Teori Zavascki em janeiro de 2017 concluiu que um dos “fatores contribuintes” para o acidente foi uma desorientação espacial do piloto Osmar Rodrigues, 56, que também morreu no acidente. Os dados sugerem, segundo a Aeronáutica, que, viajando sob chuva e depois de arremeter duas vezes para pouso na pista de Paraty (RJ), o piloto se confundiu sobre a verdadeira altitude do avião e acabou batendo na água.

“As condições de voo enfrentadas pelo piloto favoreceram a ocorrência da ilusão vestibular (um dos sistema de orientação humana, na região do ouvido) por excesso de (aceleração da gravidade) ‘G’ e da ilusão visual de terreno homogêneo”, diz o relatório. “O piloto, muito provavelmente, teve uma desorientação espacial que acarretou a perda de controle da aeronave”, diz o relatório da Aeronáutica.

“As condições de baixa visibilidade e de curva à baixa altura sobre a água sugerem que o piloto tenha experimentado os efeitos da ilusão vestibular (na região do ouvido) por excesso de (força gravitacional) G e da ilusão visual do terreno homogêneo, tendo por consequência vivenciado uma desorientação espacial.

Os resultados da investigação, que durou um ano, foram divulgados ontem em entrevista coletiva no Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) em Brasília, pelo chefe do Cenipa, brigadeiro do ar Frederico Alberto Marcondes Felipe, e pelo investigador encarregado, coronel-aviador Marcelo Moreno.

A investigação também apontou que as condições de visibilidade na baía de Paraty (RJ) estavam “muito abaixo da requerida” nas regras de tráfego aéreo para aquela região. A apuração da Aeronáutica, assim como o inquérito em andamento na Polícia Federal, não encontrou sinais de sabotagem no voo. Segundo a Aeronáutica, as regras a serem observadas eram “teto igual a superior a 450 metros (1,5 mil pés) e a visibilidade horizontal igual ou superior a 5 mil metros”. “A previsão dizia que a visibilidade seria de 4mil metros, devido a previsão de chuvas e montanhas obscurecidas nas serras do Mar Mantiqueira”, informou Moreno.

O piloto, Osmar Rodrigues, 56, trabalhava com voo visual na hora do pouso pois não há torre de controle em Paraty. O piloto tinha 7.464 horas de voo. No modelo acidentado, quase 3 mil horas de voo. “Posso chamar de um piloto experiente, era piloto já há 30 anos, operava aeronaves multimotoras em voos privados desde 1994. Operava no avião acidentado desde 2010. Nos últimos 12 meses, realizou 33 voos com destino a Paraty. Realizava a revalidação periodicamente”, informou o coronel. (Folhapress)