Fidelidade sem garantia Crescem as queixas contra os programas que acumulam pontos, mas falham na hora de recompensar os consumidores

Publicação: 20/07/2014 03:00

Rafael não conseguiu o voucher do espetáculo adquirido através dos pontos (PAULA RAFIZA/ESP.CB/D.A PRESS)
Rafael não conseguiu o voucher do espetáculo adquirido através dos pontos
Os programas de fidelidade não param de se expandir no Brasil, mesmo com o fraco crescimento da economia. Desde que a ideia chegou ao país, no início da década de 1990, milhares de pessoas foram seduzidas pela oportunidade de usar o valor de suas compras para acumular pontos e trocá-los por bens ou serviços. Frequentemente, contudo, os consumidores acabam enfrentando problemas para obter as recompensas prometidas. E, sem um órgão fiscalizador, têm seus direitos infringidos.

Não são apenas os cartões de crédito que oferecem vantagens a fidelizados, como viagens e produtos exclusivos. Postos de combustíveis, supermercados e até operadoras de telefonia móvel trabalham com mecanismos de acúmulo e resgate de pontos. Em muitos casos, porém, os clientes podem passar meses, e até anos, acumulando despesas sem alcançar o retorno esperado.

A falta de um padrão na conversão dos créditos é uma das principais queixas. “Cada estabelecimento cria o seu próprio mecanismo operacional. Não existe legislação que regulamente esses programas e os direitos e deveres de cada uma das partes”, avalia a coordenadora institucional da Proteste — Associação de Consumidores, Maria Inês Dolci. Atualmente, diz ela, os clientes encontram respaldo apenas no Código de Defesa do Consumidor.

No período de um ano, o portal Reclame Aqui recebeu 19 mil queixas referentes a programas de fidelidade. A maioria questiona os critérios de pontuação. “O consumidor nunca entende como é feito o cálculo. Muitas vezes as regras mudam e ele não é avisado”, explica a diretora de Relacionamento da entidade, Gisele Paula.

Em abril deste ano, o servidor Rafael Wasowski, 32, comprou ingresso para um espetáculo teatral com pontos acumulados no programa de uma rede de postos. “Na hora de imprimir o voucher, não existia comprovante algum da compra”, reclama.