Sonho de consumo adiado
Crédito restrito e
renda corroída pela
inflação levam o
brasileiro a mudar
planos de adquirir
moradia, automóvel e
até eletrodomésticos
MARINELLA CASTRO
economia.df@dabr.com.br
Publicação: 24/07/2014 03:00
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Daniela lamenta não encontrar espaço no orçamento para comprar a própria casa |
Na linha de frente do consumo, as lojas sentem a retração da clientela. A Confederação Nacional do Comércio revisou a expectativa de crescimento do varejo este ano, de 6% para 4,4%. “Quando decide comprar, o consumidor olha em duas direções: presente e futuro. Ao perceber que o ambiente econômico está desfavorável no médio prazo, prefere postegar a compra”, diz Miguel José Ribeiro, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac).
Ribeiro aponta ainda que essa cautela se manifesta também no lado do crédito. “Os bancos também deixaram de operar com a folga de antes e estão mais receosos com a inadimplência”, acrescenta o economista.
Roberto Piscitelli, professor de economia da Universidade de Brasília (UnB), ressalta que o surto de consumo dos últimos anos também se arrefeceu. “A demanda já não está tão reprimida e as pessoas também aprenderam um pouco sobre o endividamento, enxergando razões para ser mais cuidadoso”, resume Piscitelli.
Daniela Pereira da Silva, auxiliar administrativa, 31, já economiza para ter sua moradia. “Por mês, ganho R$ 2 mil e gasto R$ 500 só com aluguel, que já seria uma boa poupança mensal. Tento manter as contas em dia, mas poupar nem sempre é possível. Os preços são muito altos e o jeito é guardar o máximo que posso para ter um lugar meu”, suspira.