Ensino privado nas listas de inadimplência

Publicação: 16/08/2015 03:00

Além de veículos e imóveis, a inadimplência bate à porta do setor de ensino privado. A ABPM, empresa de recuperação de ativos, no ramo há 10 anos, tem intensificado a cobrança de dívidas dos segmentos de colégios, construtoras, comércio e serviços. Segundo o sócio-diretor da empresa, Benoni Menelau, aumentou 8% a demanda de escolas privadas, cuja inadimplência na área metropolitana de Recife pulou de 30% para 35%. Na construção, a média de processos de recuperação dobrou de 4 para 8 casos por mês.

A crise econômica e o desemprego atrapalharam o sonho de Luana Ribeiro, 32. Ela teve que abandonar o curso de gestão de recursos humanos numa faculdade privada porque não conseguiu arcar com a mensalidade de R$ 295. Ficou inadimplente e teve que desistir do curso. “Eu pagava o curso com o meu salário, mas fiquei desempregada. Foi difícil desistir porque eu quero ter um curso superior para conseguir uma vida melhor”, lamenta. Luana conseguiu um novo emprego, mas ganha menos. Com dois filhos para sustentar, ela ainda não pode voltar à sala de aula.

Menelau diz que as empresas de recuperação de crédito buscam resolver os casos de inadimplência de forma amigável. “Nós chamamos o devedor para negociar o débito e esgotamos as possibilidades de pagamento. Quando não é possível fechar a negociação, a próxima etapa é a cobrança judicial”. No caso das mensalidades escolares, a partir de 5 meses de inadimplência é possível cobrar a dívida judicialmente, mas o estudante não pode ser retirado de sala de aula até o fim do ano letivo. No setor imobiliário, as incorporadoras aceitam dar desconto e podem até dispensar os juros e as multas para não inviabilizar a venda do imóvel.