Entre junho de 2015 e maio de 2016, 1,5 milhão de usuários deixaram os planos de saúde no país. Somente nos cinco primeiros meses deste ano, 701 mil beneficiários perderam a assistência à saúde privada. É mais que o dobro das 344 mil saídas registradas no mesmo período de 2015. Os números foram divulgados ontem pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), órgão regulador da saúde privada. A perda de beneficiários das operadoras é reflexo da alta do desemprego e da contração do orçamento das famílias. A maior evasão foi contabilizada nos planos de assistência médica individuais e familiares, enquanto o segmento de assistência odontológica ganhou novos clientes.

Em maio, havia um total de 48,62 milhões de usuários com cobertura dos planos de saúde no país, o que equivale a 25,07% da população. Entre abril e maio, 30.783 beneficiários perderam a assistência à saúde privada. Em Pernambuco, 1,36 milhão de pessoas estão assistidas pelos planos de saúde, sendo 393 mil em contratos individuais e 958 mil em contratos coletivos. Entre janeiro e maio foi registrada a saída de 3.146 beneficiários. A assessoria da ANS informou que os dados divulgados são dinâmicos e atualizados permanentemente pelas operadoras. A agência não comentou as estatísticas divulgadas.

Para o consultor da CTR Consultoria Gestão em Saúde Fernando Castanheira, a perda de usuários dos planos deve-se principalmente ao aumento do desemprego. A última pesquisa do IBGE, a Pnad Contínua, mostrou que há 11,4 milhões de desempregados no país. “As empresas estão cortando custos. Começam primeiro pelos planos de saúde, e depois avaliam se mantém outros benefícios.” O consultor estima a perda de 25% de usuários até 2017. “Vai haver um efeito cascata nos prestadores de serviços, com o fechamento de hospitais, clínicas e laboratórios, porque 42% da população sustentam essa cadeia de serviços.”

As entidades que representam as operadoras do setor convergem para um ponto: a crise econômica e o desemprego são responsáveis pela perda de usuários. “Com o desemprego, as pessoas estão perdendo os seus planos empresariais e também a capacidade de pagamento de seus planos individuais/familiares”, diz a Abramge em nota. A projeção da Abramge é que o setor tenha uma queda de 1,2 milhão de beneficiários em 2016, encerrando o ano com 48,2 milhões de usuários. Já a Fenasaúde aponta os números da última pesquisa de desemprego do IBGE como a causa da perda de usuários. “Nesse caso, se não tiverem outra fonte de renda que permita a manutenção de um plano individual, elas deixam os planos e recorrem ao serviço público em busca de atendimento, o que sobrecarrega o SUS.” A expectativa da Fenasaúde é de que o setor comece a recuperar as perdas de beneficiários antes no final deste ano.

Segundo dados do Instituto de Estudos em Saúde Suplementar (IESS), o Sudeste é a região que mais registrou perda de beneficiários por concentrar o maior número absoluto de usuários de planos de saúde. As operadoras que atuam na região registraram o decréscimo de 31,29 milhões de clientes, março de 2015, para 30,12 milhões, em março de 2016, o que corresponde a uma redução de 3,8% na comparação anual.

Raio X

Beneficiários de planos de assistência médica - Brasil

2016 | Total | Individuais | Coletivos empresariais | Coletivos por adesão
Abril | 48.654.246 | 9.518.885 | 32.269.736 | 6.585.694
Maio | 48.623.463 | 9.490.990 | 32.275.710 | 6.579.123  
Acumulado Janeiro-Maio 2015 | (- 344.963)
Acumulado Janeiro-Maio 2016 | (- 701.892)

Beneficiários de planos de assistência médica - Pernambuco

2016 |  Total
Janeiro | 1.365.254
Fevereiro | 1.350.385
Março | 1.358.121
Abril | 1.361.121
Maio | 1.362.108
Acumulado Janeiro-Maio 2016 | (- 3.146)