Mesmo quando a instituição é pública, sem a necessidade de pagamento de mensalidade, os gastos podem impossibilitar estudantes de concluir o curso. Os outros custos são equivalentes aos de estudantes de instituições particulares, já que alguns materiais não são fornecidos. Gabriel Coimbra vai para o sétimo período do curso de engenharia de controle e automação, na Universidade Federal de Pernambuco.

Em algumas disciplinas durante o curso, ele precisa fazer circuitos elétricos. Nos primeiros períodos, os materiais usados para esses circuitos eram fornecidos pela universidade. Mas no último semestre isso não aconteceu e o estudante precisou incluir os materiais na sua lista de gastos para conseguir assistir às aulas e colocar o conteúdo em prática.

“Logo de início comprei uma calculadora específica que custa R$ 500. Quando tem livro na biblioteca é bom, mas os que não encontro custam cada um de R$ 150 a R$ 200. No último semestre, precisei comprar três e tirei cópia de mais dois. Cada um custa em torno de R$ 50”, conta Gabriel. Não adquirindo os materiais necessários para as aulas e o aprendizado, o prejuízo chega logo ao desempenho do estudante.

No curso de Gabriel, por exemplo, se ele não comprar os materiais para fazer os circuitos, fica impossibilitado de participar das aulas práticas. “Tem gente que diz que não precisa da calculadora. Mas em algumas provas, só consegue fazer quem tem ela. Quem não tem precisa correr atrás de alguém que empreste.”

No curso de engenharia, segundo o estudante, é necessário o acesso a um computador porque constantemente são feitos trabalhos, projetos e relatórios. Além disso, na área de controle e automação são ensinadas linguagens de programação, usadas para fazer programas que colocam as máquinas para funcionar. Sem um computador para estudar as linguagens e a funcionalidade do programa, o aprendizado fica comprometido.