Cartão deve ter juros reduzidos pela metade Rotativo será transformado em parcelado depois do primeiro vencimento da fatura, de 30 dias

Publicação: 23/12/2016 03:00

Brasília e São Paulo – Em mais um esforço para divulgar notícias positivas na área econômica, o presidente Michel Temer confirmou uma medida sempre reclamada pela classe média, de redução dos juros cobrados no cartão de crédito. O governo acertou com bancos e operadoras de crédito que o cartão de crédito rotativo – quando o cliente atrasa ou não quita a fatura integralmente – será transformado em parcelado depois do primeiro vencimento, de 30 dias. Com esta medida, a expectativa do Palácio do Planalto é que os juros caiam de mais de 400% para menos de 200%.

“No primeiro trimestre, haverá redução de mais da metade dos juros cobrados no cartão de crédito”, afirmou o presidente. Questionado se a medida não era uma intervenção na economia, ele refutou. Disse que a medida foi acordada com bancos e operadoras de cartão de crédito, após negociações feitas ao longo das últimas semanas, e que o governo está adotando medidas para reduzir os custos destas empresas. O Ministério da Fazenda esclareceu que haverá uma resolução do Conselho Monetário Nacional que reduzirá o crédito rotativo a 30 dias. O restante passará a ser um crédito parcelado, com juros menores.

“Vamos tomar a medida de limitação do prazo de uso de crédito rotativo por 30 dias e, a partir daí, o saldo pode ser parcelado em até 24 meses, com taxa ainda menor”, explicou Meirelles. Hoje, o juro médio do crédito rotativo é de 475,8% ao ano. Isso significa que uma dívida de R$ 1.000 na modalidade, após um mês, passa para R$ 1.157. Em um ano, atinge R$ 5.760. No parcelado do cartão, a taxa é de 156,1% ao ano. Em um mês, a dívida chegaria a R$ 1.081 e, em um ano, a R$ 2.560 – menos da metade do valor do rotativo.

Meirelles afirmou que levará cerca de 90 dias para as medidas serem implementadas e disse que já devem estar “totalmente em vigor” no fim do primeiro trimestre. “É prazo viável, sim, na medida em que hoje as condições da economia brasileira são já bastante diferentes.” Já o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), Marcelo Noronha, informou que foi aprovada, anteontem, em uma reunião extraordinária, uma recomendação para que as associadas ofereçam o parcelamento da fatura aos clientes.

“Os bancos emissores já estão correndo para fazer adaptações necessárias antes mesmo da normatização que deve ser publicada”, afirmou Noronha. Ele confirmou que as taxas cobradas no novo rotativo devem cair pela metade, uma vez que os juros do parcelamento são menores, de um dígito. Sobre o fato de, ainda assim, as taxas permanecerem elevadas, disse que o risco e a inadimplência no Brasil, mais elevados do que em outros países, pesam no patamar, mas que a tendência, com a queda da Selic, é de convergência das taxas cobradas no cartão. E acrescentou que a política de juros ficará a critério de cada banco.