Brasileiro desaprova reforma Pesquisa da CNDL e SPC Brasil aponta descontentamento da maioria dos trabalhadores com mudanças na Previdência

ROSA FALCÃO
rosafalcao@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 18/01/2017 03:00

A maioria dos brasileiros reprova a proposta de reforma da Previdência em discussão no Congresso Nacional, cuja mudança mais emblemática é a adoção da idade mínima sugerida de 65 anos para a aposentadoria. É o que mostra uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) com 606 pessoas na faixa etária de 18 a mais de 65 anos nas 27 capitais do país, incluindo o Recife. A amostra aponta que 47% dos entrevistados rejeitam as mudanças no sistema previdenciário. Ao mesmo tempo, o estudo revela o despreparo da população para o momento de parar de trabalhar. Quatro em cada dez pessoas no Brasil declararam que não se preparam para a aposentadoria.

Entre os que desaprovam as mudanças na Previdência, 28% argumentam que depois de tantos anos de trabalho as pessoas merecem se aposentar cedo e ter um tempo de descanso, enquanto 25% acham que a proposta discutida vai prejudicar quem já trabalhou mais de 30 anos. Do lado dos 20% que aprovam a proposta, 50% acreditam que o aumento do número de idosos no país tornará a Previdência insustentável a longo prazo, se essas medidas não foram adotadas. A fatia de 18% acredita que a mudança tornará o sistema mais justo, eliminando as diferenças entre funcionários públicos e da iniciativa privada.

“O destaque da pesquisa é a desaprovação da reforma da Previdência porque as pessoas compreendem que as mudanças vão restringir o acesso ao benefício da aposentadoria”, comenta a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. Ao mesmo tempo, ela aponta que o brasileiro está despreparado e não muda a forma de pensar sobre a aposentadoria.

Desconsiderando o INSS, 52% dos entrevistados não se preparam de forma nenhuma para deixar o batente. O principal motivo apontado é a falta de dinheiro, com 34%. “Esse é o grande erro das pessoas. Se esperar sobrar dinheiro ao final do mês, ele nunca vai poupar. A pessoa deve ter disciplina e se programar para guardar um valor para a aposentadoria”, recomenda.

A pesquisa mostra que o modo mais comum de o brasileiro se preparar para a aposentadoria é por meio do INSS pago de maneira autônoma (17%), seguido de aplicação em poupança (15%). A economista do SPC Brasil recomenda que as pessoas encontrem um investimento seguro e procurem diversificar. Além da caderneta de poupança, Marcela sugere a previdência privada e os títulos públicos do Tesouro Nacional. Em sua avaliação, à medida que as discussões da Reforma da Previdência avançam, as pessoas deverão se interessar mais em buscar formas de se preparar.

Mesmo despreparados, 95% de entrevistados no total acreditam ser importante se preocupar com a aposentadoria. A dependência de terceiros na velhice (32%) é o argumento mais mencionado para o fato de se preocupar com o futuro. Além disso, 21% vislumbram a queda do padrão de vida como motivo para pensar agora no momento de se aposentar. Diante da preocupação, 55% fazem mensalmente reservas ou investimentos, principalmente os entrevistados das classes C, D e E. A média anual é de 10 meses de reservas financeiras.

Opiniões // O brasileiro e a aposentadoria
  • 47% dos brasileiros que participaram da pesquisa em todo o país rejeitam a proposta de Reforma da Previdência do governo Temer
  • 25% dos que desaprovavam as mudanças acham que a proposta vai prejudicar quem trabalhou mais de 30 anos
  • 20% das pessoas que aprovam a reforma acham que se nada for feito, a Previdência não conseguirá se sustentar no futuro
  • 18% acreditam que o sistema de aposentadoria ficará mais justo porque vai aproximar as regras entre os trabalhadores e servidores públicos
  • 52% dos brasileiros que rejeitam as mudanças na Previdência não se preparam para a aposentadoria
  • 48% dos que se preparam apontam a contribuição do INSS como a principal forma de poupar para a aposentadoria
Fonte: SPC Brasil/CNDL