Governo baixa meta para inflação
É a primeira vez desde 2005 que governo muda a meta, que terá que ser perseguida pelo Banco Central e indica que governo vai buscar controle fiscal
Publicação: 30/06/2017 03:00
Em meio a uma forte crise política e uma economia que ainda patina, o governo confirmou a já esperada redução da meta de inflação de 4,5% para 4,25% em 2019 e surpreendeu ao estabelecer uma meta para 2020, mais baixa, de 4%. A meta de inflação não era alterada desde 2005. Com a decisão, o próximo governo terá que trabalhar com uma margem de manobra menor para a inflação, o que é visto por economistas como o caminho mais acertado para alcançar um nível de preços mais baixo e próximo de países semelhantes, além de estabelecer um comprometimento dos próximos governos com a estabilidade da economia.
Especialistas também discordam que uma meta ainda mais baixa em um momento em que, supostamente, o país estará crescendo novamente possa requerer doses mais altas de juros para conter os preços.
Embora admitam que a queda brutal da inflação se deva também à recessão, eles dizem que a volta do crescimento não significa, necessariamente, o retorno da inflação. “Se o país estiver se preparado para isso, lidando com algumas restrições de oferta da economia, como o investimento, dá para ter crescimento alto e inflação e juros mais baixos”, diz Jankiel Santos, economista-chefe do Banco Haitong.
O controle dos gastos públicos, dizem os economistas, também é condição fundamental para sustentar a meta de inflação de 4%. Alberto Ramos, diretor de pesquisa do Goldman Sachs, diz que as novas metas são críveis, mas que, para que ancorem as expectativas de inflação com sucesso, devem ser acompanhadas de esforço fiscal e da adoção de reformas que tornem a economia mais flexível e produtiva.
Marcelo Carvalho e Gustavo Arruda, do BNP Paribas, dizem que a redução da meta reforça o alto nível de confiança do banco de que a taxa básica de juros da economia, a Selic, encerre o ano em 8% e caia para 7% em 2018.
Na contramão da visão predominante, Aloisio Araújo, ex-consultor do BC e professor da FGV (Fundação Getulio Vargas) e do Impa, disse em entrevista à reportagem que metas de inflação muito baixas preocupam porque podem gerar custos elevados, como mais desemprego, por exemplo. Estudo de 2014 de Araújo feito com Tiago Berriel, hoje diretor de assuntos internacionais do BC, aponta também que não convém a países com situação fiscal frágil, como o Brasil, e que podem ainda enfrentar situações de instabilidade política, ter meta de inflação muito baixa porque seria mais difícil defendê-la.
Na mesma linha, o ex-diretor de Política Econômica do BC Sergio Werlang diz que alguns aspectos da economia local fazem com que o país tenha uma inflação um pouco mais alta. E, em situações nas quais é preciso reduzir gastos, ela acaba funcionando como instrumento de ajuste. “Como não pode reduzir salários de funcionários públicos, por exemplo, o país precisa de uma inflação um pouco maior para reduzir gastos em termos reais”, diz. (Da redação com a Folhapress)
Especialistas também discordam que uma meta ainda mais baixa em um momento em que, supostamente, o país estará crescendo novamente possa requerer doses mais altas de juros para conter os preços.
Embora admitam que a queda brutal da inflação se deva também à recessão, eles dizem que a volta do crescimento não significa, necessariamente, o retorno da inflação. “Se o país estiver se preparado para isso, lidando com algumas restrições de oferta da economia, como o investimento, dá para ter crescimento alto e inflação e juros mais baixos”, diz Jankiel Santos, economista-chefe do Banco Haitong.
O controle dos gastos públicos, dizem os economistas, também é condição fundamental para sustentar a meta de inflação de 4%. Alberto Ramos, diretor de pesquisa do Goldman Sachs, diz que as novas metas são críveis, mas que, para que ancorem as expectativas de inflação com sucesso, devem ser acompanhadas de esforço fiscal e da adoção de reformas que tornem a economia mais flexível e produtiva.
Marcelo Carvalho e Gustavo Arruda, do BNP Paribas, dizem que a redução da meta reforça o alto nível de confiança do banco de que a taxa básica de juros da economia, a Selic, encerre o ano em 8% e caia para 7% em 2018.
Na contramão da visão predominante, Aloisio Araújo, ex-consultor do BC e professor da FGV (Fundação Getulio Vargas) e do Impa, disse em entrevista à reportagem que metas de inflação muito baixas preocupam porque podem gerar custos elevados, como mais desemprego, por exemplo. Estudo de 2014 de Araújo feito com Tiago Berriel, hoje diretor de assuntos internacionais do BC, aponta também que não convém a países com situação fiscal frágil, como o Brasil, e que podem ainda enfrentar situações de instabilidade política, ter meta de inflação muito baixa porque seria mais difícil defendê-la.
Na mesma linha, o ex-diretor de Política Econômica do BC Sergio Werlang diz que alguns aspectos da economia local fazem com que o país tenha uma inflação um pouco mais alta. E, em situações nas quais é preciso reduzir gastos, ela acaba funcionando como instrumento de ajuste. “Como não pode reduzir salários de funcionários públicos, por exemplo, o país precisa de uma inflação um pouco maior para reduzir gastos em termos reais”, diz. (Da redação com a Folhapress)
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