Diario econômico

Bruna Siqueira Campos
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Publicação: 01/07/2017 03:00

Carteira, um bem raro

No mesmo dia em que centrais sindicais conduziam uma greve geral, o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, fez um alerta ao divulgar os índices de desemprego do trimestre encerrado em maio. Nesta “panela de pressão” chamada Brasil, que aguarda a votação da Reforma Trabalhista no Senado, mais de 2,7 milhões de pessoas perderam suas carteiras de trabalho nos últimos dois anos. Foram meses de pura turbulência econômica, bem sabemos, e não será diferente até o fim de 2017 - o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, já admitiu que o crescimento do PIB será inferior a 0,5%, como se esperava. A reflexão a ser feita agora é a seguinte: até onde uma reforma como propõe o PLC nº 38/17 será capaz de otimizar este cenário? A resposta é que a taxa de desocupação - hoje de 13,3% - não cederá sem uma reforma real, que é a tributária. Com a aprovação do projeto de lei que irá a Plenário na Casa Alta, o aumento da informalidade observado pelo IBGE vai continuar ascendendo. Vai porque os estímulos oferecidos ao mercado, que está fragilizado, favorecem a precarização. Peguemos como exemplo o 13º salário. Ele não vai acabar, mas o abono poderá ser dividido em até 12 parcelas. De forma que o empregador que está mal das pernas conseguirá incorporar o décimo nos rendimentos mensais, baixando a média salarial dos empregados. A terceirização ampla e irrestrita, sem a obrigatoriedade da isonomia de salários, é outra armadilha. Sobretudo por predominar entre pessoas com baixa escolaridade, que já recebem 25% menos que seus pares. Mas estes detalhes só são “cerejas” no bolo. Os ingredientes da massa são muitos e indigestos.

JOGO RÁPIDO


Reinaldo Domingos // presidente da Abefin e do DSOP Educação Financeira

Pesquisa da CNDL sobre propensão ao consumo, em junho, mostrou que 42% das famílias diziam estar no “zero a zero” financeiro, enquanto 37% se declaravam endividadas. Como se reestruturar com a ajuda dos filhos?
Estes índices evidenciam que as famílias brasileiras não têm hábitos e comportamentos sustentáveis em relação ao uso do dinheiro. Para conseguir uma mudança definitiva, pautada na educação financeira, é preciso incluir os filhos neste processo. Ao conversar, não é orientável mentir ou assustá-los, e sim explicar a situação de forma simples e com otimismo, focando na mudança e melhoria. Assim como os adultos, crianças e jovens também precisam de motivação para melhorar seu modo de agir, e é aí que entram os sonhos. A família deve se reunir em um momento agradável, como em um domingo à tarde, para conversar sobre os sonhos de cada um – que podem ser individuais ou coletivos. O ideal é que todos tenham sonhos de curto, médio e longo prazo e busquem reduções de gastos e economias. Juntos, poderão economizar para conquistá-los.

Impor limitações a crianças e adolescentes tende a provocar estresse. Qual o maior erro dos pais ao fazerem um  “choque de gestão” no orçamento?
Muitos pais e responsáveis cometem o erro de discutir problemas financeiros na frente aos filhos, quando o mais adequado seria conversar separadamente e se reunir com eles para abordar a questão com foco nos sonhos. A crise deve ser vista como uma oportunidade para educar, por meio de um diálogo aberto e construtivo, responsabilidade que vem sendo compartilhada entre famílias e escolas. Fechar a torneira ao escovar os dentes, apagar as luzes quando não estiver usando e desligar a televisão quando não estiver assistindo são pequenos hábitos que fazem a diferença. A família pode implementar a mesada de troca, que ajuda crianças e jovens a terem coisas novas e se desfazerem das que não usam mais sem desperdiçar. Ela estimula a capacidade de interação social e a consciência de que nada deve ser jogado fora. É interessante também a mesada social, que implica em um estilo de vida em que a simplicidade prevaleça. Fazer um passeio no parque, praça ou praia sai mais barato do que uma ida ao shopping, além de mais gratificante.

Unha e carne
Os socialistas negam. Mas a presença de Rodrigo Maia, presidente da Câmara, no lançamento do “Nordeste Conectado”, no Porto Digital, não passa outra mensagem senão a de que o ministro Fernando Filho e o senador FBC já carimbaram o passaporte para o DEM.

Saia justa
A solenidade foi conduzida pelo ministro da Educação, Mendonça Filho, também do Democratas. O cerimonial, aliás, cometeu uma gafe: a presença da secretária estadual de Ciência e Tecnologia, Lúcia Melo, só foi citada no final do evento. Já Rodrigo Maia teve direito a fala.

Migração
O presidente da Anatel, Juarez Quadros, veio ao Recife para entregar o kit gratuito de número 400 mil do “Seja Digital”, que prevê o desligamento do sinal analógico de televisão, na RMR, no dia 26. Na região, 44% dos lares ainda têm TV de tubo. Serão 600 mil kits.

Coaching
Conhece o caminho das pedras, mas não consegue colocar as finanças em ordem? O coach José Neto promete ajudar a reprogramar a mente de quem busca inteligência emocional para traçar metas e fazer as pazes com o dinheiro. Será no dia 9, no Marante Plaza Hotel.

O que virá
A primeira semana de julho começa agitada no cenário econômico. Além da reforma trabalhista, que pode ir a votação no Senado, sai a produção industrial de maio, o IPCA de junho e balança comercial está no radar. Por fim, o “termômetro” da venda de veículos.