Passaporte para investir nos EUA Empreendedores pernambucanos contam como resolveram apostar no mercado norte-americano

SÁVIO GABRIEL
savio.gabriel@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 12/08/2017 03:00

A terra do tio Sam está se transformando no lar dos pernambucanos. Muito mais do que um simples destino turístico, nos últimos anos os Estados Unidos têm entrado na rota de investimento de muitos recifenses que desejam mudar de vida. Foi assim com o empresário Alexandre Augusto, que há um ano e meio trocou a calmaria do bairro do Torreão, na Zona Norte da capital pernambucana, pela badalação de Miami, no estado da Flórida. Qualidade de vida, solidez do mercado e tributação justa são alguns dos motivos elencados por ele para continuar por lá.

Tudo começou há quatro anos, quando Alexandre iniciou o planejamento para investir fora do país. Quando se mudou, a AAM Commerce, empresa fundada por ele e especializada em locação de veículos para turistas e executivos, já estava funcionando há um ano. Em vez das viagens a cada dois meses, decidiu levar a esposa e a filha para morar nos EUA. “Escolhemos esse ramo porque eu e minha família temos experiência em locação de equipamentos para construção”, diz. As empresas da família no Recife (além da locadora de equipamentos, há outra de locação de brinquedos) continuam funcionando normalmente.

Para tentar se diferenciar dos concorrentes, Alexandre apostou em um novo formato: além do carro, ele vende também chips de telefones celulares. “Entregamos o veículo já com o chip. Todo mundo quer ficar conectado, e a ideia é justamente não deixar que as pessoas fiquem sem comunicação. Somos a primeira locadora nos EUA a fazer isso”, diz. Até o fim do ano, a empresa deve abrir uma outra unidade em Orlando, também na Flórida.

“Aqui não é fácil de ganhar muito dinheiro, mas com o pouco que se ganha vive muito bem e é estável”, explica o executivo Enio Henriques, que está à frente da United Flipping e mora nos EUA desde o início de 2016. O pernambucano optou pelo mercado da construção civil: ele compra residências a um valor médio de US$ 100 mil, faz as reformas, que custam entre US$ 20 mil e US$ 30 mil e depois revende os imóveis por US$ 180 mil, em média. “Aqui tudo é mais rápido no que diz respeito às obras. A reforma não chega a 40 dias de duração”, explica. A empresa emprega cerca de 15 pessoas.

Alexandre e Enio fazem parte de um cenário cada vez mais comum. De acordo com a Loyalti Miami, empresa especializada em ajudar investidores brasileiros a se estabelecerem nos EUA, Pernambuco é um dos cinco estados que mais solicitam o visto L1, um dos que é voltado para quem quer aplicar recursos no país: nos últimos três anos, empresários do estado investiram, em média, US$ 5,6 milhões. “Começamos a sentir esse aumento de demanda por parte dos recifenses a partir de 2015. A crise econômica brasileira associada à solidez do mercado norte-americano são os principais motivos”, explica Daniel Toledo, sócio-diretor da Loyalty Miami e advogado especialista em direito migratório. A ampliação de voos entre a capital pernambucana e o estado da Flórida é outro motivo apontado por ele.

Empresários que já atuam no estado ou no Nordeste e querem diversificar seus negócios compõem o principal perfil de investidores. “Eles tentam ampliar a atuação no exterior (a partir de outra atividade) ou até mesmo ampliar o braço da empresa brasileira no exterior, por meio de exportação de produtos”, afirma Toledo. Os estados que mais abrigam pernambucanos, de acordo com ele, são a Flórida e o Texas, que têm condições climáticas semelhantes às do Recife.

Os caminhos
Principais tipos de vistos solicitados por brasileiros que querem investir nos Estados Unidos

EB5
Público-alvo: investidor que deseja residir no país - é concedido em nome de pessoas físicas
Pré-requisitos: investir pelo menos US$ 500 mil em qualquer setor da economia do país e gerar, no mínimo, 10 empregos para cidadãos norte-americanos ou residentes legais
Tempo para ser aprovado: de 12 a 16 meses
Duração: permanente

L1
Público-alvo: empresas que queiram abrir uma subsidiária no país e enviam algum sócio ou executivo para gerenciar as atividades nos EUA - é concedido em nome de pessoas jurídicas
Pré-requisitos: ter uma empresa no país de origem e manter fluxo comercial com a unidade dos Estados Unidos
Tempo para ser aprovado: de dois a três meses
Duração: um ano, sendo renovável a cada dois anos

H1B
Público alvo: pessoas que têm interesse em trabalhar nos EUA. Em geral, são estudantes com propostas de emprego de empresas instaladas no país
Pré-requisitos: na maioria dos casos, quem obtém esse tipo de visto possui um grande conhecimento na área de atuação profissional, destacando-se dos demais
Tempo para ser aprovado: quatro meses, em média
Duração: dois anos, sendo renovável pelo mesmo período até o limite de seis anos