Investimento em bitcoin é de alto risco Apostar em moedas virtuais requer sangue frio. Ao contrário do que muita gente pode imaginar, aplicadores também devem declarar ganhos

Publicação: 18/12/2017 03:00

Investir as economias requer planejamento e consciência de que o tamanho do retorno depende do risco assumido. Quem é mais cauteloso costuma procurar aplicações atreladas à renda fixa. A renda variável é recomendada para quem tem um perfil mais arrojado, diante das oscilações nos preços das ações. Entretanto, um dos investimentos mais populares do país atualmente são as criptomoedas, em especial o bitcoin. A moeda virtual acumula a impressionante valorização de 1.800% no ano , conforme o site especializado norte-americano Coin Market Cap.

Entretanto, diversos cuidados devem ser tomados antes de decidir investir em moedas virtuais. O primeiro deles é saber que esse ativo não é regulado por nenhuma autoridade monetária e não possui lastro. As perdas não são garantidas pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) e são comuns oscilações superiores a 20% em um único dia. Para ter uma ideia, quando há volatilidade superior a 10% na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), o pregão é interrompido por alguns minutos. Isso só ocorre em momentos de crise. Logo, aplicações em bitcoins e outras moedas digitais geram exposição a um risco fora dos padrões.

O presidente da Mercado Bitcoin, Rodrigo Batista, uma das principais corretoras de moedas virtuais do país, ressalta que a criptomoeda é um ativo com diversos riscos envolvidos. Conforme ele, os interessados não devem aplicar parte significativa do patrimônio ou uma quantidade de dinheiro que fará falta. “O bitcoin ainda é uma tecnologia experimental. As pessoas precisam estudar o negócio antes de investir”, detalha. Conforme Guto Schiavon, sócio-fundador da Foxbit, os interessados em aplicar em criptomoedas precisam ter noção de que esse é um mercado com grande volatilidade e é necessário o mínimo de conhecimento antes de tomar a decisão de investimento. “Com tanta oscilação, são fortes as emoções”, diz.

Nos Estados Unidos, os interessados em comprar a criptomoeda têm colocado em risco o próprio patrimônio. Muitos têm hipotecado casas para usar o dinheiro em busca do retorno acumulado no último ano. “Não hipoteque sua casa para comprar essas moedas”, alerta o presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn. O chefe da autoridade monetária é um dos principais críticos às moedas virtuais, sobretudo do bitcoin.

Conforme ele, as moedas eletrônicas possuem duas funcionalidades. A primeira, especulativa, de gerar ganhos para quem compra e vende, o que estimula a formação de bolhas e pirâmides. A outra é dar suporte a atividades ilícitas. “Quem usa essas moedas virtuais para cometer crimes não está isento de punições legais”, destaca.

Os investimentos em criptomoedas têm tratamento fiscal semelhante ao de outros bens, como carros, joias e obras de arte. “A obrigatoriedade de declarar bens móveis (exceto automóveis) se dá quando esses bens ultrapassam R$ 5 mil”, informa a Receita Federal. “O contribuinte pode declarar suas moedas virtuais pelos valores históricos de aquisição.”

O imposto só será cobrado quando a moeda for vendida com lucro. “Os ganhos obtidos com a alienação (de bitcoins, por exemplo) cujo total no mês seja superior a R$ 35 mil são tributados, a título de ganho de capital, à alíquota de 15%”, esclarece o órgão. (Antônio Temôteo, do Correio Brazileiro)
 
Moeda digital
 
O que é o bitcoin?

  • É uma criptomoeda, criada em 2009, por Satoshi Nakjamoto, pseudônimo usado pela pessoa que inventou a tecnologia.
  • A moeda virtual não é emitida por nenhuma autoridade monetária, não possui lastro, não é regulada pela maioria dos países e é negociada exclusivamente pela internet.
Mercado global
 
US$ 317 bilhões
Valor dos quase 16,7 milhões de bitcoins em circulação no mundo

US$ 18.651,10
Valor de um único bitcoin

R$ 66.329
Valor de uma única moeda digital no Brasil

10 milhões
Estimativa de pessoas que negociam bitcoins no mundo

1 milhão
Total de brasileiros que compram e vendem a moeda digital no Brasil

1.800%
Valorização do bitcoin entre janeiro e dezembro de 2017