Imperatriz vive crise e lojas fecham Dos cerca de 80 pontos comerciais existentes no logradouro, 13, o equivalente a 16% do total de lojas da rua, encerraram suas atividades no local desde 2017

SÁVIO GABRIEL
savio.gabriel@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 20/01/2018 03:00

Um dos principais corredores de comércio de rua do Centro do Recife, a Rua da Imperatriz reflete a difícil situação pela qual passa o setor. Somente entre o fim do ano passado e o início deste ano, as unidades das redes Renner e A Futurista que funcionavam no local encerraram suas atividades. Levantamento feito pelo Diario na segunda semana de janeiro aponta que, dos cerca de 80 pontos comerciais existentes no logradouro, 13 estão fechados, o que corresponde a aproximadamente 16%.

Boa parte dos pontos que não funcionam foram desocupados há vários meses, conforme relatam os próprios trabalhadores da região. Em alguns trechos da via, há duas ou três lojas fechadas, uma ao lado da outra. As placas de “aluga-se” e os telefones para contato permanecem à disposição para os interessados, mas somente o fato de eles continuarem expostos já indica que nenhum contrato conseguiu ser fechado. O fluxo de pessoas é relativamente grande, mas isso não se traduz necessariamente em novas vendas. “Trabalho aqui há um ano e o movimento tem caído. No fim do ano passado até teve cliente, mas não como a gente esperava”, desabafa a vendedora Clécia Maria, que trabalha em uma das lojas de roupas que existem no local.

A Câmara de Dirigentes Lojistas do Recife (CDL/Recife) reconhece a situação. De acordo com o presidente da entidade, Cid Lobo, entre 2015 e 2017, dezenas de lojistas encerraram as atividades. “A grande questão é a crise. Ao longo desses anos, as lojas foram perdendo fôlego. Em 2015 foi início (da crise) e os empresários ainda tinham alguma reserva e foram aguentando. Mas o ano passado foi o auge e muitos não conseguiram se segurar”, afirma, destacando que questões como alugueis altos influenciaram nesse cenário. No caso das lojas de grandes redes, ele diz que elas funcionam, sobretudo, em função do faturamento por metro quadrado e que o desequilíbrio causado pela queda dos clientes geralmente são levados em consideração na hora de encerrar as atividades.

Além da questão econômica, aspectos de infraestrutura urbana também têm impactos no faturamento dos lojistas. Nesse sentido, a CDL reuniu-se com representantes da Prefeitura do Recife na primeira semana do ano, quando foi apresentado a eles o projeto de requalificação da Avenida Conde da Boa Vista. “A previsão é de que as obras se iniciem no começo de março. Isso vai trazer outra vida para o bairro”, projeta Cid Lobo. Os comerciantes também tiveram uma reunião com a Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano da capital para discutir um plano de requalificação urbana para o bairro de São José.

Por meio de sua assessoria de imprensa, as Lojas Renner informaram que a unidade da Rua da Imperatriz fechou oficialmente no dia 31 de dezembro de 2017. “A decisão foi tomada a partir de uma avaliação da companhia de que outras operações da empresa situadas na região já atendem aos clientes”. A empresa informou que todos os funcionários que trabalhavam na unidade receberam a oportunidade de serem realocados em outras lojas. A Futurista disse que não iria se posicionar sobre o fechamento da unidade.