Corrida para encher o tanque dos veículos

Leonardo Malafaia
Especial para o Diario
leonardo.malafaia@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 24/05/2018 09:00

Foi neste cenário de crise de abastecimento, com bombas de combustível praticamente zeradas, que Pernambuco amanheceu o dia de ontem amargando, e sentindo no bolso, as consequências. Diante da sensação de um iminente colapso no abastecimento, milhares de motoristas iniciaram uma verdadeira via-crúcis para tentar encher o tanque dos seus veículos e se preparar para os próximos dias de paralisação. Em vários postos, no início da noite, já não havia mais estoque de combustível.

De acordo com um dos frentistas, entrevistado pela reportagem, o aumento na demanda nos postos da cidade do Recife “já era esperado”.

“Foi passado para a gente que o movimento seria muito intenso. Na noite da última terça-feira já houve um crescimento na procura, mas no início da manhã desta quarta, assim que o posto abriu, foi o resto do dia com filas que não acabavam mais. Por conta da paralisação, a previsão é de que o estoque não se sustente”, disse ele.

O que o pernambucano não esperava era o alto valor encontrado nas bombas de combustível dos postos da Região Metropolitana do Recife. A gasolina, em alguns postos da cidade, chegou quase à barreira dos R$ 9 por litro, o dobro do preço praticado até o dia anterior.

Se no início do dia imperava a indignação diante dos preços, a medida em que as horas passavam e o ponteiro do medidor de combustível descia, o desespero e o caos - aos poucos - tomaram conta da cidade. Onde existia trânsito na RMR era quase certeza de que o motivo originavasse de um posto de combustível nas redondezas. Na saída do túnel da Via Mangue, o congestionamento chegou, em alguns momentos, a atingir três faixas, devido aos veículos que se acumulavam e se espremiam tentando chegar às bombas do posto localizado na Avenida Antônio de Góes, no Pina.

José Marcelino, 62 anos, aposentado, passou mais de uma hora na fila para tentar abastecer no único posto de combustível que encontrou aberto. “Faltou auxílio do serviço público. Não tem guarda de trânsito, não tem auxiliar, não tem nada”, desabafou.

Enquanto aguardava, Marcelino relatou que viu brigas e discussões por conta do trânsito intenso e do consequente engarrafamento gerado pela fila de carros que aguardavam.

A mesma situação de desabastecimento foi narrada por Ezequiel Ferreira, vendedor, 26 anos. “Os postos da Caxangá, na sua maioria, já estão fechados. Do mesmo jeito estão os da Abdias, e os próximos do túnel também. O único que encontrei ainda com gasolina foi esse”.