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A sopa que fervia o Pina
Roger de Renor se tornou a cara do bairro e o seu bar, Soparia, um point que ficou na memória da cidade
André Clemente
andre.clemente@diariodepernambuco.com.br
Publicação: 13/07/2018 03:00
Roger de Renor é a cara do Pina. O “título” foi herdado pelos anos frequentando a noite do bairro na década de 1990, quando decidiu ser protagonista. Colocou para rodar a Soparia, um bar na Herculano Bandeira, na época a charmosa e movimentada rua no Polo Pina, no miolo entre a comunidade do Bode e a agitada Brasília Teimosa. Era entre o Boteco Maxime e o restaurante Pra Vocês, o eixo da mistura de gastronomia e boêmia. O bar, presente na memória afetiva de muitos recifenses, era feito de gente, frequentado por amigos que curtiam a boa música e faziam questão de ser parte do local. Música, inclusive, era o lastro do movimento que a Soparia provocava. Mas, primeiro, era um local de pessoas.
A ideia de abrir o bar veio da falta de opção do Pina em “alimentar” os boêmios no fim de noite, que passavam a frequentar Brasília Teimosa, onde os pescadores garantiam a boa sopa de cabeça de peixe aos estabelecimentos locais. O Pina tinha gastronomia, boates e o charme, mas havia uma “lacuna”, devidamente preenchida pela Soparia.
Era música nível radiola de ficha, mas só discos escolhidos por Roger. A “rigidez” parece ser pouco democrática. Ao contrário. Inclusive no preço. “Eu colocava bandas para tocar e pagava couvert para quem quisesse. E tocou Alceu, bandas do Movimento Manguebeat, Maracatu Nação Pernambuco, Cordel do Fogo Encantado. Até Paralamas do Sucesso tocou lá depois de um show no Abril pro rock”, lembra. “E era democrático mesmo. Dava para qualquer pessoa frequentar, como acontecia. Inclusive os amigos de Brasília Teimosa”, pontua.
“A gente sempre teve a ideia de soparia mesmo, de servir sopa, mas com a estética de bar com cara de casa, com uma salinha. Era essa contradição mesmo. A sopa para dar sustância à boêmia, com cara de casa de vó, com direito à cortininha e pisca-pisca no salão.”
A decoração também era feita por quem frequentava. Amigos foram fazendo o lugar tomar vida própria, dando cara à Soparia. “Um amigo deu um violino de louça que tenho até hoje e foi decoração da casa. Outro levou um pôster, outro dizia: ‘Vou trazer isso, que é a cara de Roger’. Era a soparia de todos”, ressalta. “Tanto que o último dia foi também de levar um pedaço da Soparia. Muitos amigos pegaram itens da parede, da decoração, num evento de encerramento batizado de ‘último dia’.” O espaço funcionou de 1992 a 1999.
A decisão de fechar, inclusive, foi a falta de sinergia com o que foi sendo ocupado no entorno do Polo Pina. “Chegaram bares que tiraram a intenção do lugar. Uma falta de sintonia com a ideia da Soparia. Tirou a minha diversão, o meu desejo de confraternização. E era o motivo para eu não precisar trabalhar. Grana nunca foi o motivo, em nenhum empreendimento meu, vale ressaltar. Era a hora de fechar. Insistir em um trabalho que não divertia era ruim.”
A ideia de abrir o bar veio da falta de opção do Pina em “alimentar” os boêmios no fim de noite, que passavam a frequentar Brasília Teimosa, onde os pescadores garantiam a boa sopa de cabeça de peixe aos estabelecimentos locais. O Pina tinha gastronomia, boates e o charme, mas havia uma “lacuna”, devidamente preenchida pela Soparia.
Era música nível radiola de ficha, mas só discos escolhidos por Roger. A “rigidez” parece ser pouco democrática. Ao contrário. Inclusive no preço. “Eu colocava bandas para tocar e pagava couvert para quem quisesse. E tocou Alceu, bandas do Movimento Manguebeat, Maracatu Nação Pernambuco, Cordel do Fogo Encantado. Até Paralamas do Sucesso tocou lá depois de um show no Abril pro rock”, lembra. “E era democrático mesmo. Dava para qualquer pessoa frequentar, como acontecia. Inclusive os amigos de Brasília Teimosa”, pontua.
“A gente sempre teve a ideia de soparia mesmo, de servir sopa, mas com a estética de bar com cara de casa, com uma salinha. Era essa contradição mesmo. A sopa para dar sustância à boêmia, com cara de casa de vó, com direito à cortininha e pisca-pisca no salão.”
A decoração também era feita por quem frequentava. Amigos foram fazendo o lugar tomar vida própria, dando cara à Soparia. “Um amigo deu um violino de louça que tenho até hoje e foi decoração da casa. Outro levou um pôster, outro dizia: ‘Vou trazer isso, que é a cara de Roger’. Era a soparia de todos”, ressalta. “Tanto que o último dia foi também de levar um pedaço da Soparia. Muitos amigos pegaram itens da parede, da decoração, num evento de encerramento batizado de ‘último dia’.” O espaço funcionou de 1992 a 1999.
A decisão de fechar, inclusive, foi a falta de sinergia com o que foi sendo ocupado no entorno do Polo Pina. “Chegaram bares que tiraram a intenção do lugar. Uma falta de sintonia com a ideia da Soparia. Tirou a minha diversão, o meu desejo de confraternização. E era o motivo para eu não precisar trabalhar. Grana nunca foi o motivo, em nenhum empreendimento meu, vale ressaltar. Era a hora de fechar. Insistir em um trabalho que não divertia era ruim.”
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