Lógica de vendas que muda o mercado

Publicação: 17/11/2018 03:00

Apesar de uma aparente crise, o mercado editorial brasileiro vai fechar o ano de 2018 no azul. Os números do setor, divulgados pela consultoria Nielsen recentemente, mostram que houve crescimento tanto no volume de vendas (5,70%), quanto no faturamento (9,33%), no acumulado deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. E esse é o negócio que está no DNA da Amazon.

Livros novos, usados, impressos ou e-books, de escritores consagrados ou desconhecidos, de editoras grandes, ou até mesmo sem uma editora, formam o imenso acervo disponibilizado pela Amazon em todo o mundo. No Brasil, o catálogo reúne mais de 15 milhões de títulos entre impressos e digitais, em diversas línguas. Um crescimento bastante vigoroso quando se observa que na estreia do serviço de venda de livros no Brasil, há pouco mais de cinco anos, a loja contava com 13 mil e-books. “O nosso desafio primordial é sempre a expansão de catálogo e evidentemente isso se desdobra na busca pela melhor logística, melhor preço e outros fatores de competitividade”, afirma Mario Meirelles, gerente geral varejo de livros impressos.

Os gestores responsáveis pela área de mercado editorial da Amazon no Brasil, Ricardo Garrido e Mario Meireles falam que no início o desafio era grande porque as editoras tinham a maior parte de seus catálogos ainda não digitalizada, mas que hoje praticamente todas lançam, simultaneamente, os livros impressos junto com os digitais. Os indicadores de vendas da companhia mostram porque isso vem acontecendo. “Clientes que liam o impresso e que começam a ler também o digital, passam a comprar mais de três vezes o que compravam antes. Isso não significa que estão migrando para o digital, mas que estão alternando e vivendo dos dois meios”, diz Garrido.

“Diferentemente da prática dominante (no mercado editorial) no Brasil, em que se faz compra por consignação às editoras, a Amazon tem a política de comprar o estoque inteiro e de ter pelo menos um exemplar de cada livro produzido pela editora em seu estoque. A gente quer ter a disponibilidade total para os clientes”, revela Garrido. A consequência disso é o aumento nas vendas que segundo ele, tem provocado alteração no comportamento do mercado. “A gente consegue vender 80% de todo o catálogo de uma editora, que tenha 4 ou 5 mil ISBNs, em um trimestre. Em um ano, todo o catálogo de uma editora tem pelo menos um exemplar vendido na Amazon, diferente de outras livrarias que acabam tendo uma concentração maior em best sellers”, revela Meirelles.

Os gêneros Comics e HQ, assim como os livros didáticos ainda não chegaram para valer no mundo digital, mas algumas outras barreiras já começam a ser derrubadas. Desde o ano passado, livros universitários, científicos e profissionais, principalmente nas áreas de direito e medicina, começaram a entrar com mais força no mundo pontocom. “Nos últimos 12 meses, a gente passou a vender livros das três maiores editoras do segmento de livros universitários”, afirma Garrido ao lembrar que a tendência é que em pouco tempo os didáticos passem a ser parte desse universo também.