AGRONEGÓCIOS » São Francisco investe em mangas de Israel Novas variedades com menos fibra, mais pesadas e coloridas começam a ser produzidas para exportação

Etiene ramos
dpempresas@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 03/08/2019 09:00

Depois de muitos anos sem novidades na produção de mangas, o Vale do São Francisco começa a apostar nas variedades israelenses: Noá, Omer, Agam e Shelly. O israelense Armand Malul, há 30 anos em Petrolina, iniciou as experiências há três anos e já começa a enviar as primeiras caixas, como testes, para compradores nos Estados Unidos, Holanda, Inglaterra e Canadá, com excelente aceitação.

As variedades foram produzidas  pelo Volcani Center, de Israel, nos últimos 30 anos, e chegaram aos produtores locais com  pagamento de royalties aos desenvolvedores das. Desde 2013 Malul vem introduzindo as novas mangas na Flores do Vale, sua propriedade de onze hectares, em Petrolina, e com um parceiro, na Bahia. “Foi um sucesso de adaptação no São Francisco. Ficaram mais bonitas e maiores. A Noá pode chegar a pesar mais de um quilo. São bem coloridas e agradam ao mercado internacional.  Agora vamos espalhar na região, tudo com contrato, que tem royalties, é pouco, mas precisamos cumprir o acordo com o Volcani”, explica. Entre os acertos, está o compromisso de não exportar para Europa no período da safra de Israel, que vai de maio a setembro. Desta forma, a manga brasileira, concentrada no Vale do São Francisco que deteve 86,83% da produção nacional de 2018 e é viável o ano todo, dá continuidade ao abastecimento na Europa.

Melhoramentos
Em áreas adultas, com mais de quatro anos, contados a partir do plantio de mudas, as variedades israelenses chegam a produzir entre 35 e 40 toneladas por hectare, ao ano.  É um volume superior ao das mangas do Vale do São Francisco, como a Tommy e a Palmer, com médias em torno de 30 toneladas por hectare ao ano.

Para dar mais celeridade à produção, Armando Malul fez reenxertos em suas árvores antigas e, com a técnica, as novas mudas começam a produzir em um ano e meio, metade do tempo das mudas tradicionais. As duas formas de plantio foram usadas na Flores do Vale, que está coberta agora pelas mangas de Israel.

Ainda sem previsão de quando começa a ter volumes para exportação, o produtor ressalta a qualidade das futuras colheitas. “Elas estão vindo com melhoramentos. Não existe mais manga verde porque não pegou luz de dia. Ficam amarelas quando amadurecem e se tomou sol ficam coloridas, mais atrativas. A segunda vantagem é zero fibra na Agam e quase nenhuma fibra nas demais. Todas são mais duráveis após a colheita e podemos comercializar com mais facilidade para lugares mais distantes”, avalia, o produtor.