Plasma brasileiro é diferenciado

Publicação: 04/12/2023 03:00

A desconfiança de que o plasma brasileiro seria diferenciado esteve presente em laboratórios por vários anos, mas em 2021 veio a confirmação. À época, se descobriu que 413 mil litros de plasma armazenados por cinco anos tinham as mesmas condições e qualidades de uma “coleta fresca” de um europeu comum. A pesquisa, feita pela suíça Octapharma identificou que o plasma brasileiro rende 4,8g de imunoglobulina por litro, 37% acima da média padrão do mercado europeu, de 3,5 g – em casos “excelentes”, esse número chega apenas a 4,5g.

Cada grama de imunoglobulina extraída custa cerca de 40 euros (cerca de R$ 210,10 na cotação atual) e leva nada menos que oito meses entre coleta, transporte, fragmentação, processamento, refino e envase em forma de medicamentos. Uma busca rápida em farmácias de três estados brasileiros mostra que o medicamento é comercializado entre R$ 1,4 mil e R$ 3,2 mil.

Os dados sobre o rendimento do plasma brasileiro foram confirmados pela Hemobrás por meio da Lei de Acesso à Informação e pelo presidente da estatal, Antonio Edson Lucena. Ele reforçou ainda que nosso sangue “é o melhor do mercado” e que no teste também “tiramos nota máxima em segurança”. “A gente consegue esse rendimento porque estamos num país tropical. Aqui tem dengue, chikungunya, tem zika, tem tudo que nos gera anticorpos. Nós [brasileiros] somos uma fábrica ambulante de anticorpos”, destacou.

A pesquisa foi feita com o estoque “abandonado” entre 2016 e 2020, porque, em 2017, durante o governo do ex-presidente Michel Temer, o então Ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP), retirou da estatal a gestão do plasma, mas nenhum destino foi dado ao conteúdo. A decisão foi revogada na gestão de Eduardo Pazuello, em 2020, durante a pandemia da covid-19, após uma representação do Ministério Público Junto ao Tribunal de Contas da União.