A epidemia de dengue e o impacto no PIB brasileiro Estudo da Federação das Indústrias de Minas Gerais estima que o aumento dos casos de dengue pode levar a uma queda de até R$ 7 bilhões na economia nacional

Thatiany Lucena

Publicação: 30/03/2024 03:00

O Brasil vive uma epidemia de dengue com quase 3 milhões de casos e 800 mortes, de acordo com dados da Organização Pan-americana da Saúde (Opas), que coloca o país em primeiro lugar no ranking da doença nas Américas. Segundo estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), essa realidade deve refletir também na economia do país, causando um impacto que pode chegar a R$ 7 bilhões na economia nacional neste ano.

Considerando as outras duas arboviroses provocadas pelo mosquito do Aedes aegypti além da dengue  -  zika e chikungunya - o impacto sobe para R$ 20 milhões, o equivalente a 0,2% do PIB. O estudo leva em conta um cenário projetado com 4,2 milhões de infectados no Brasil, segundo estimativa feita com base na divulgação do Ministério da Saúde para o ano de 2024.

A queda na produção econômica está relacionada à redução da produtividade, já que as pessoas infectadas acabam ficando um longo período de afastadas do trabalho para poder retornar à atividade.

O economista André Magalhães aponta a dificuldade de projetar uma expectativa para o futuro porque, de acordo com ele, não parece haver uma política efetiva por parte do governo federal, dos estados e municípios para combater isso.  “Um impacto de menos de 0,2% no PIB, mas não deixa de ser ruim por afetar a economia, pelo menos é o que está sendo estimado. A situação está muito forte na região do Sudeste, mas nada impede que a gente tenha esse efeito se espalhando mais pelo país”, disse.

Ainda segundo os dados, 60% das pessoas infectadas correspondem à população economicamente ativa. “Seis em cada dez infectados são trabalhadores e isso mostra como a dengue pode atingir a força de trabalho nas regiões mais afetadas. Para mitigar esses impactos negativos, é essencial adotar políticas públicas eficazes no combate à dengue para proteger a saúde da população e a estabilidade econômica do país. Investimentos em prevenção, compra de vacinas, acesso a tratamentos médicos adequados são medidas urgentes”,  destacou o economista e professor Sandro Prado.

Os dados levantados pelo estudo fazem ainda uma relação dos altos números como senfo um dos impactos causados pelas alterações climáticas e pelo fenômeno El Niño, que causa ondas de calor e chuva.

Em Pernambuco, de acordo com boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde, com informações até o dia 23 de março, já foram registrados 12.623 casos prováveis de dengue. O número é 522,7% maior do que o registrado no mesmo período em 2023.