Recifes representam R$ 160 bi em economia Corais atuam como barreiras que reduzem impactos da erosão e inundações, evitando assim riscos ao patrimônio presente nessas áreas, principalmente no NE

Thatiany Lucena

Publicação: 21/10/2024 03:00

Os corais brasileiros são responsáveis pela proteção costeira do país. As espécies atuam como barreiras que reduzem impactos da erosão e inundações, evitando riscos ao patrimônio presente nessas áreas. Assim como as árvores no solo, os recifes de corais fazem parte da biodiversidade marinha e contribuem para abrigar diversas espécies de plantas e de animais. Além disso, os seres presentes no litoral brasileiro são capazes de gerar até R$ 160 bilhões em economia para o Brasil, com serviços de proteção costeira.

Os recifes de corais fazem parte do ecossistema mais diverso da terra, servindo de lar para uma em cada quatro espécies marinhas, que vivem ou passam parte da vida nos corais. Nesse ambiente podem ser encontrados cerca de 65% dos peixes marinhos, que moram no local ou estão apenas de passagem. Eles se alimentam filtrando a água do mar e possuem em seus tecidos algas microscópicas, que fornecem nutrientes e oxigênio por meio da fotossíntese.

Esses dados estão presentes no estudo “Oceano sem mistérios - Desvendando os recifes de corais” realizado pela Fundação Grupo Boticário, em parceria com a Bloom Ocean.

Os recifes de corais atuam como barreiras, reduzindo a altura das ondas e o impacto causado pela erosão e inundações. Com a degradação dessas espécies, as regiões costeiras ficam mais expostas e vulneráveis a possíveis desastres como inundações. O cálculo foi baseado nos valores de indústrias, portos e domicílios localizados nas áreas próximas à costa.

As mudanças climáticas podem aumentar ainda mais o valor econômico dos corais, pois eles se tornarão ainda mais essenciais para proteger essa área, diante da possibilidade de aumento de chuvas e outros eventos que elevam a energia das ondas.

O valor da proteção costeira de recifes, sejam de coral, areníticos ou rochosos, na região Nordeste, com área de cerca de 170 quilômetros quadrados de recifes, representa aproximadamente R$ 160 bilhões. De acordo com a pesquisa, para cada 1 quilômetro quadrado de recifes, são economizados R$ 941 milhões.

Além disso, o turismo gerado pelos corais na costa do Nordeste pode gerar mais de R$ 7 bilhões ao ano para o Brasil. Os principais destinos: Fernando de Noronha-PE, Ipojuca (Porto de Galinhas)-PE, Maragogi-AL, São Miguel dos Milagres-AL e Caravelas (Abrolhos) - BA. No Atlântico Sul, os ambientes recifais se concentram no Nordeste, em uma extensão de 3.000 km ao longo da costa, desde o Maranhão até o sul da Bahia.

BRANQUEAMENTO
De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente, Sustentabilidade e de Fernando de Noronha (SEMAS-PE), no estado, os últimos registros de branqueamento em 2020 e 2024 abrangem toda a extensão litorânea. A Zona Costeira, Marinha e Oceânica de Pernambuco compreende aproximadamente 187 km de extensão, além de Noronha.

anaína Bumbeer, bióloga, doutora em Ecologia e Conservação Marinha e gerente de projetos da Fundação Grupo Boticário ressalta como a degradação dos recifes pode afetar a população. “Se as pessoas que estão aqui não podem mais ser pescadores ou não têm mais essa alimentação, vai criar um problema social que vai impactar o Brasil de forma geral”

A repórter viajou a convite da Australian Gold