Possível fusão pode aumentar passagens Caso se concretize, a negociação entre Azul e Gol deverá diminuir a concorrência no setor de aviação, refletindo na alta dos custos

Thatiany Lucena

Publicação: 07/02/2025 03:00

A possível fusão entre a Gol e a Azul no Brasil pode fazer com que os preços das passagens aumentem ainda mais. De acordo com o economista Edgar Leonardo, professor do curso de Administração do Centro Universitário Tiradentes (Unit-PE), caso concluído, isso vai favorecer com que o Brasil diminua ainda mais a concorrência no setor de aviação, refletindo na alta dos custos para o consumidor.

Considerando dados do relatório de demanda e oferta da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), caso se concretize a fusão, em Pernambuco, cerca de 80% dos voos nos aeroportos do estado estarão nas mãos de uma só empresa. No estado, a Latam tem uma participação de apenas 19%. Já a Gol tem 20% e a Azul 60%. Desde janeiro de 2024, a Gol está em recuperação judicial nos Estados Unidos e negocia agora uma associação comercial com a Azul.

O economista Edgar Leonardo, professor do curso de Administração do Centro Universitário Tiradentes (Unit-PE), explica que o Brasil tem basicamente três empresas de aviação operando. Ele faz um comparativo em relação ao cenário competitivo nos Estados Unidos. No país norte-americano, quatro grandes empresas (American Airlines, Delta Air Lines, Southwest e United Airlines) têm uma média de 70% do mercado americano, já 30% delas estão distribuídas várias outras empresas de baixo custo e que operam em distâncias mais curtas.

Tendo esse cenário como base, Edgar aponta que o Brasil, mesmo com apenas três grandes companhias, toda vez que alguma delas toma uma medida é considerada como “normal” tendo como parâmetro as empresas europeias, mas essas dão direito a transporte de bagagem, algo que não está acontecendo nos voos nacionais. “Temos, de fato, no Brasil, um oligopólio, não tem desculpa. Atualmente, temos três empresas e serão apenas duas com a possível fusão”, aponta. O professor detalha ainda que o oligopólio é caracterizado pela capacidade que as empresas têm de dominar o mercado e cobrar um preço elevado. Ainda segundo Edgar, o cenário nacional não permite o aumento da concorrência, algo que poderia favorecer o barateamento dos preços das passagens. “O Brasil só vai conseguir diminuir o preço da passagem na hora em que promover a concorrência.”