INSS: idosos são os mais vulneráveis aos golpes Principais motivos são a falta de familiaridade com os dispositivos eletrônicos e com o acesso aos serviços digitais, além da suspensão do envio do extrato físico

Publicação: 26/04/2025 03:00

A dificuldade e a limitação de idosos no uso de dispositivos eletrônicos e no acesso a serviços públicos digitais torna esse público vulnerável a golpes e fraudes. A constatação é da Controladoria-Geral da União que fez uma auditoria para entender o “súbito aumento” dos descontos associativos em pensões e aposentadorias do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Ao tratar o que classificou como “a vulnerabilidade dos beneficiários do INSS”, a CGU destaca que, dos 1.273 entrevistados, 922 (72,4% do total) desconheciam a existência do desconto associativo em seu benefício. Fato que, para os entrevistadores, está associado à pouca familiaridade dos idosos com a tecnologia digital e com aplicativos como o Meu INSS, principal ferramenta para verificação dos extratos.

“Ao serem questionados sobre o aplicativo, 540 entrevistados (42,4%) informaram desconhecê-lo, enquanto 320 (25,1%) conheciam, mas nunca o tinham utilizado, e 413 (32,4%) já tinham o utilizado”, ressalta o relatório.

No documento é lembrado que o instituto deixou de enviar o extrato em papel para seus beneficiários, que precisam ir a uma agência da Previdência Social caso não utilizem o aplicativo. “A utilização de ferramentas digitais por uma minoria dos beneficiários do INSS limita a capacidade de o cidadão identificar possíveis descontos realizados sem sua autorização”, alerta o relatório.

“Verifica-se que a transformação digital ocorrida no INSS sem o devido aperfeiçoamento dos controles internos elevou os riscos relacionados à realização de descontos associativos indevidos”, aponta o documento.  Ainda de acordo com o texto, “importa ressaltar que a própria fragilidade inerente ao perfil dos beneficiários, na sua grande maioria formada por idosos, com maior dificuldade de acesso a canais digitais, associadas à deficiência dos instrumentos de controle do INSS, tornam esses beneficiários suscetíveis à atuação de terceiros agindo com o objetivo de obter, sem o devido esclarecimento, a documentação relativa à filiação e à autorização para o desconto associativo”.

As entrevistas foram feitas pela CGU entre abril e julho de 2024. O documento foi concluído em setembro, mas só foi tornado público na última quarta-feira, após ser deflagrada a Operação Sem Desconto para combater um esquema de descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões. (Agência Brasil)