Brics: ameaças de Trump não devem frear comércio
Para especialistas, advertência do presidente dos EUA de novas taxas de 10% não impedirão que moedas de cada país sejam priorizadas em acordos bilaterais
Publicação: 08/07/2025 03:00
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Bloco condenou medidas como sanções comerciais e elevação unilateral de tarifas |
As ameaças feitas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não devem impedir que os países do bloco avancem em relações comerciais que priorizem as moedas de cada país ao invés do dólar. Esta é a avaliação de especialistas entrevistados pela Agência Brasil.
Após a divulgação da Declaração Final da 17ª Reunião de Cúpula, a Declaração do Rio de Janeiro, na qual os membros do Brics defenderam uma ordem mundial “mais justa”, Trump ameaçou taxas extras de 10% a produtos de países que se alinhem ao grupo. O Brics é formado por 11 nações, entre elas Brasil Rússia Índia, China e África do Sul.
Segundo o professor titular da Unicamp, Luiz Belluzzo, os países sentem o impacto do uso do dólar como moeda base do comércio global e buscam reduzir os impactos nas próprias economias realizando negociações bilaterais que priorizem moedas locais. “Os países do Brics não estão buscando a criação de uma moeda reserva. Eles estão, na verdade, tentando estabelecer relações em suas moedas”, explica.
O professor do Instituto de Relações Internacionais da UnB, Antonio Jorge Ramalho da Rocha, concorda que, por enquanto, as ameaças de Trump não devem ter impacto. “O gosto do atual presidente americano por taxação só trará mais prejuízo à sua própria população e estimulará os demais países a construir agendas que dependam cada vez menos dos EUA.”
REAÇÕES
O presidente Lula afirmou ontem que o "Brics está incomodando" por propor um modelo "mais solidário" de política internacional. “Trump precisa saber que o mundo mudou, não queremos imperador. Somos países soberanos. Se ele achar que ele pode taxar, os países têm o direito de taxar também. Existe a lei da reciprocidade”, disse.
Já os representantes da China, da Rússia e da África do Sul responderam à ameaça de Trump e defenderam o posicionamento do Brics. O comunicado final do bloco condenou o uso de medidas como sanções comerciais e elevações unilaterais de tarifas como instrumentos políticos, sem mencionar os EUA. (Agência Brasil e Estadão Conteúdo)
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