ECONOMIA E NEGóCIOS EM FOCO » Inflação acima do teto até 2026

por Ecio Costa

Publicação: 14/07/2025 03:00

O IPCA registrou alta de 0,24% em junho, ligeiramente abaixo da taxa de 0,26% observada em maio, mas, com esse resultado, o índice acumula avanço de 2,99% no ano e de 5,35% nos últimos 12 meses, ultrapassando o teto da meta de inflação e exigindo uma nova carta explicativa do Banco Central ao Ministério da Fazenda, pois a inflação se manteve por mais de seis meses fora do intervalo de tolerância da meta, fixada em 3% com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. 

Entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados, apenas Alimentação e bebidas apresentou deflação no mês (-0,18%), interrompendo uma sequência de nove meses consecutivos de alta, com queda nos preços de itens como ovo de galinha (-6,58%), arroz (-3,23%) e frutas (-2,22%). Já a alimentação fora do domicílio seguiu em alta (0,46%). Nos demais grupos, destacaram-se as variações em Habitação (0,99%), impulsionada pelo aumento da energia elétrica residencial (2,96%) em razão da bandeira tarifária vermelha, maior contribuição para o IPCA (0,12 p.p.), e em Vestuário (0,75%), com destaque para os aumentos em roupas masculinas (1,03%) e calçados (0,92%). No grupo Transportes (0,27%), mesmo com o recuo nos combustíveis (-0,42%), o índice foi pressionado pela disparada nas corridas por aplicativo (13,77%). Já o grupo Saúde e cuidados pessoais mostrou desaceleração (0,07%). Regionalmente, a maior variação foi registrada em Rio Branco (0,64%). Já Campo Grande teve a menor variação (-0,08%).
Outros destaques foram Belo Horizonte (0,53%), Fortaleza (0,37%) e Recife (0,33%).

A carta aberta enviada pelo Banco Central informa que a inflação acima do intervalo de tolerância é consequência de diversos fatores, como atividade econômica aquecida, expectativas de inflação desancoradas, inércia inflacionária e depreciação cambial.

Os principais fatores que contribuíram para o desvio de 2,35 p.p. da inflação em relação à meta foram: a inércia dos doze meses anteriores (contribuição de 0,69 p.p.), as expectativas de inflação (0,58 p.p.), o hiato do produto (0,47 p.p.), a inflação importada (0,46 p.p.), a bandeira tarifária de energia elétrica (0,27 p.p.) e demais fatores (-0,12 p.p.).

Para tentar trazer a inflação de volta à meta de 3%, o Banco Central já vem subindo os juros desde o fim de 2024. A autoridade monetária acredita que os efeitos desse aperto devem começar a aparecer de forma mais clara nos próximos trimestres, com expectativa de que a inflação volte para dentro dos limites da meta a partir do início de 2026. A carta também deixa claro que, se necessário, novas ações serão tomadas. O problema, segundo os dados apresentados, continua sendo oriundo da política fiscal expansionista, que procura equilíbrio fiscal somente através do aumento de arrecadação, com crescimento persistente das despesas.