"MED 2.0 rastreia o Pix da origem ao destino" Diretora-adjunta da Febraban, que esteve no grupo que criou o meio de pagamento, fala sobre a aceitação do Pix e o novo método de segurança

Publicação: 21/07/2025 03:00

 (FEBRABAN/DIVULGAÇÃO)
O Pix, sistema digital de pagamentos desenvolvido no Brasil, está na mira do presidente dos EUA sob a justificativa que mecanismos como Pix Automático, Pix por Aproximação e Pix Parcelado (que deve ser lançado ainda neste trimestre) estariam prejudicando empresas americanas, como Visa, Mastercard e American Express. Nesta entrevista ao jornalista Pedro Ivo Bernardes, titular da coluna Diario Econômico, Carolina Sansão, diretora-adjunta de Inovação, Tecnologia e Cibersegurança da Febraban, fala sobre a evolução da tecnologia bancária, Pix e a nova versão do Mecanismo Especial de Devolução (MED). 

ENTREVISTA - Carolina Sansão // diretora-adjunta da Inovação da Febraban

BRASIL DIGITAL

É importante contextualizar o comportamento do brasileiro, que dita algumas regras, inclusive os caminhos do investimento para os bancos. Hoje temos um Brasil muito digital. Quase toda a população tem um celular na mão e com acesso à internet. Então, quando a gente fala dessa mobilização para o digital, pegamos o comportamento do brasileiro e buscamos entender para adequar à evolução dos bancos. A pandemia consolidou a migração para o digital.

USABILIDADE

Os nativos digitais têm mais facilidade de absorver a tecnologia, mas a geração anterior se adaptou muito rapidamente à tecnologia, mesmo com alguma dificuldade. E como a Febraban consegue auxiliar essa população? A gente tem um trabalho muito em cima da usabilidade. Quando a gente fala usabilidade e experiência do cliente, é preciso que ele entenda o quão fácil é você realizar qualquer serviço em um canal digital.

PIX

O Pix, eu trato como um filho. Eu tive a oportunidade de participar do projeto desde o começo. Fiz o secretariado do grupo de segurança para o próprio Banco Central. A inovação do Pix não se deu só porque era um novo meio de pagamento, porque a gente já tinha as transferências eletrônicas, o pagamento eletrônico de boletos, cartão de crédito. O Pix veio com um diferencial de uma jornada simplificada. Com ele, consigo fazer agendamentos de contas, por exemplo, de uma academia, que eu preciso pagar mensalmente e eu posso deixar isso de forma automática e no dia certo do vencimento, vai ser feito o Pix.

SEGURANÇA

O Pix é um produto seguro. Ele tem uma criptografia de ponta a ponta, a cada transação você tem um identificador. Mas uma coisa que a gente não tem é o alcance. Podemos ter o celular furtado, podemos cair em um golpe. O que o MED (Mecanismo Especial de Devolução) 1.0 faz? Em qualquer problema, é preciso entrar em contato com seu banco para abrir uma contestação e avisar o que aconteceu. Quanto mais rápido o seu banco souber, mais rápido ele consegue bloquear a conta. Só que o MED só consegue alcançar uma primeira camada de bloqueio: da conta da vítima para a conta do primeiro fraudador (criminoso). 

MAIS SEGURANÇA

Quando falamos em Pix 2.0, que é o MED 2.0, a gente fala na possibilidade do banco rastrear todo o caminho do dinheiro. Como os criminosos fazem? Eu caí num golpe, o dinheiro foi para a conta do criminoso que, rapidamente, espalhou em três, quatro, cinco contas laranjas, até encontrar o dinheiro novamente em outra conta, lá na frente. Com o MED 2.0, é possível rastrear e identificar o destino do dinheiro.