Bombardeios deixam o mundo em alerta
Especialista analisa marco geopolítico e detalha os possíveis efeitos econômicos e diplomáticos da escalada de ataques entre Israel e Irã
Cecília Belo
Publicação: 14/06/2025 03:00
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Israel foi atingido por mais de 150 mísseis balísticos e drones disparados pelo Irã |
A noite da última quinta-feira (12) marcou um novo capítulo no cenário geopolítico do Oriente Médio. Com o codinome Operação Rising Lion, Israel lançou ataques aéreos de alta precisão contra diversas instalações estratégicas no Irã, mirando centros de enriquecimento de urânio, bases militares e alvos políticos do regime dos aiatolás, deixando mais de 70 pessoas mortas.
Menos de 24 horas depois, o Irã disparou mais de 150 mísseis balísticos e drones contra alvos israelenses, incluindo a região de Tel Aviv. O sistema de defesa Iron Dome foi acionado e, apesar de ter conseguido interceptar a maioria dos projéteis, houve registro de danos e mais de 30 feridos em Israel.
“A gente pode tecnicamente dizer que há uma guerra total iraniano-israelense”, afirmou o cientista político e internacionalista Thales Castro, em entrevista ao Diario.
Para ele, o episódio marca um ponto de inflexão nas tensões entre os dois países. “Os ataques têm o objetivo de quebrar a espinha dorsal do aparato nuclear iraniano, e as primeiras horas indicaram uma capacidade muito incisiva de impacto por parte das forças de Israel”, afirma.
Apesar da contundência dos ataques, o momento ainda é de expectativa. O mundo observa, com cautela, os próximos movimentos.
“É um momento extremamente fragilizante, de múltiplas guerras dilacerando pessoas, famílias e estruturas. O que a gente espera é que, em algum momento, os atores envolvidos saiam da retórica agressiva e busquem alguma conciliação”, enfatiza o especialista.
Os reflexos ultrapassam a geopolítica e alcançam a economia. “De imediato vimos um leve aumento do dólar frente ao real, chegando a R,58. No aspecto energético, o barril de petróleo Brent subiu para quase US, ainda que também tenha recuado um pouco depois”, aponta Castro. O cientista político explica que tudo gera efeito cascata: portfólios, bolsas, moedas centrais e até investimentos em blue chips são impactados pela instabilidade.
Do ponto de vista diplomático, a resposta do Brasil foi considerada tímida e parcial por Castro. “A nota do Itamaraty menciona apenas, de maneira unilateral, os ataques israelenses, sem considerar anos de ameaças concretas do regime ditatorial dos aiatolás contra Israel”, afirmou.