Vladimir Souza Carvalho
Membro das Academias Sergipana e
Itabaianense de Letras
vladimirsc@trf5.jus.br
Publicação: 03/02/2014 03:00
O avô da foto 3x4, que hoje se tira e se obtém em menos de dez minutos, com direito a retoques para excluir espinhas e outras marcas no rosto, é o foto oiti, como se denominava nas décadas de cinquenta e sessenta do século passado. Eram retratos amarelados, sem retoque algum, revelados no mesmo instante. A pessoa sentava, era fotografada, o fotografo se trancava em algum lugar, e, daí a pouco, as fotos estavam prontas. Em Maceió, já na década de oitenta, ouvi muito a referência a foto lambe-lambe. Ou seja, em cada capital um nome diferente.
Como sempre fui de guardar muito lixo, herança de papai, conservo duas fotos tiradas em foto oiti, que, por se manterem em álbuns, sem sofrer a incidência do sol, permanecem íntegras, embora se colha delas uma nitidez um tanto pálida, totalmente diferentes das fotos 3x4 que muito tirei com seu Joãozinho retratista. Comparando-as, a diferença é de água para vinho, em prol das últimas, afinal reveladas em estúdio, sujeitas, no caso das de seu Joãozinho retratista, aos retoques na ponta fina de seu lápis, enquanto a primeira reproduzia a pessoa sem direito a qualquer maquiagem, no seco.
Acho que o foto oiti foi morrendo aos poucos, com o surgimento de novas técnicas no campo da fotografia. Não posso precisar datas. Bom, morrendo, não, desaparecendo, para dar lugar a algo superior, que, finalmente, ainda na década de oitenta, despontou no seu neto, nascido em laboratórios de estúdio, a foto 3x4, colorida, que foi substituindo a foto em preto e branco, até forçar o desaparecimento desta última, imperando sozinha, desde então, obtida em menos de dez minutos.
Esse o detalhe que seu Joaozinho, falecido no ano de 1982, não viu. Nem a foto autenticamente colorida, nem a máquina digital que matou o filme, nem a foto por celular. E aí o ponto chave: no atelier de seu Joãozinho, num sala aberta, em contato com o sol, a gente esperava a claridade suficiente para ditar o momento certo da velha máquina ser clicada. As fotos só eram entregues oito dias depois.
Tempo bom o atual, a máquina digital proporcionando um número incalculável de fotos, armazenados em um pequeno chip, a matar a curiosidade desde que é disparada, por proporcionar a todos ver a foto mais do que imediatamente, de modo a exigir reiteração se a primeira não sai nos conformes, tão diferente do filme obtido pelos filmes de celuloide, só vistos quando revelados, sem oportunidade para qualquer conserto, se a foto não saísse perfeita.
A minha vizinha, de velhas datas, tinha toda e inteira razão: época boa de se viver é a atual, de luz elétrica, de televisão, de geladeira, ao que acrescento, de fotos digitais, de chips, de internet, de comunicação rápida e instantânea. O foto oiti é uma lembrança de passado já sepultado no tempo, peça de museu se alguma máquina foi salva, mas fato que, à época, teve sua importância singular, a ponto de ainda merecer algum registro.
Como sempre fui de guardar muito lixo, herança de papai, conservo duas fotos tiradas em foto oiti, que, por se manterem em álbuns, sem sofrer a incidência do sol, permanecem íntegras, embora se colha delas uma nitidez um tanto pálida, totalmente diferentes das fotos 3x4 que muito tirei com seu Joãozinho retratista. Comparando-as, a diferença é de água para vinho, em prol das últimas, afinal reveladas em estúdio, sujeitas, no caso das de seu Joãozinho retratista, aos retoques na ponta fina de seu lápis, enquanto a primeira reproduzia a pessoa sem direito a qualquer maquiagem, no seco.
Acho que o foto oiti foi morrendo aos poucos, com o surgimento de novas técnicas no campo da fotografia. Não posso precisar datas. Bom, morrendo, não, desaparecendo, para dar lugar a algo superior, que, finalmente, ainda na década de oitenta, despontou no seu neto, nascido em laboratórios de estúdio, a foto 3x4, colorida, que foi substituindo a foto em preto e branco, até forçar o desaparecimento desta última, imperando sozinha, desde então, obtida em menos de dez minutos.
Esse o detalhe que seu Joaozinho, falecido no ano de 1982, não viu. Nem a foto autenticamente colorida, nem a máquina digital que matou o filme, nem a foto por celular. E aí o ponto chave: no atelier de seu Joãozinho, num sala aberta, em contato com o sol, a gente esperava a claridade suficiente para ditar o momento certo da velha máquina ser clicada. As fotos só eram entregues oito dias depois.
Tempo bom o atual, a máquina digital proporcionando um número incalculável de fotos, armazenados em um pequeno chip, a matar a curiosidade desde que é disparada, por proporcionar a todos ver a foto mais do que imediatamente, de modo a exigir reiteração se a primeira não sai nos conformes, tão diferente do filme obtido pelos filmes de celuloide, só vistos quando revelados, sem oportunidade para qualquer conserto, se a foto não saísse perfeita.
A minha vizinha, de velhas datas, tinha toda e inteira razão: época boa de se viver é a atual, de luz elétrica, de televisão, de geladeira, ao que acrescento, de fotos digitais, de chips, de internet, de comunicação rápida e instantânea. O foto oiti é uma lembrança de passado já sepultado no tempo, peça de museu se alguma máquina foi salva, mas fato que, à época, teve sua importância singular, a ponto de ainda merecer algum registro.