Gilton Sousa
Engenheiro civil
sousagilton@gmail.com
Publicação: 02/04/2014 03:00
Felicidade. Não passa de miragem, quimera, devaneio, se entendida como estado ou forma de ser, platô de bem-aventurança a ser alcançado e onde se consegue permanecer a vida inteira. Portanto sua persecução assemelha-se a tantas outras buscas insanas que a história humana vem acumulando ao longo dos tempos: Elixir da Longa Vida, Santo Graal, transmutação de metais inferiores em ouro, Atlântida, Eldorado.
Uma viagem de carro num fim de semana. Eu no banco de trás. Filha e genro na frente. Fim de tarde. Sol poente à direita. Temperatura agradável. Os dois a conversar, não “animadamente”, mas de uma forma que somente os que se encontram em plena harmonia, fruindo o momento sem nem ao menos trazer à consciência a ideia contentamento, podem vivenciá-lo de maneira intensa.
Momento fugaz que guardo na memória afetiva e que alimentará por muito tempo (assim espero) meus anos à frente.
Experiências como estas que me remetem um poema de William Blake intitulado Eternidade, cuja tradução livre poderia ser: “Aquele que se amarra à alegria destrói a leveza da vida; mas quem a beija em seu voo vive em um eterno amanhecer”.
Como esses muitos outros vivi. Na maioria deles a presença de minha filha. Um riso cristalino, ainda criança. Um pensar com os botões da roupa, aos três anos. Aos sete, encarapitada em um galho de árvore, sorrindo com uma flor na mão. Ela, sem que o percebesse, me ensinou a imprescindibilidade do saber usufruir das “pequenas” alegrias da vida. Saber esse indispensável porque me propiciou a capacidade de manter acesas as chamas destes, aparentemente, insignificantes momentos qual nenhum dos “grandes” acontecimentos de minha vida (aprovação no vestibular, formatura, primeiro emprego como engenheiro) conseguiu fazê-lo de maneira tão duradoura. Pequenas velas que iluminaram os dias que se apresentaram escuros em minha vida.
Episódios desse tipo me fizeram perceber o que realmente importa. E que tudo o que é valioso pode ser mantido sem medo de que nos seja tomado. Fizeram-me ver – apreender e introjetar são verbos que melhor se aplicam ao caso – que momentos fugazes podem se tornar eternos. Que a condição para fazer um belo momento transcender a efemeridade é a intensidade da emoção que ele faz brotar. Emoção inesperada, porque de acontecimento aparentemente banal.
Paternidade com forte sentimento parental: excelente caminho para a descoberta do real significado de felicidade. Por falar em paternidade, o leitor desculpe a digressão, o que foi feito da paternidade responsável? Questão a ser pensada. Voltemos ao tema do presente texto.
Quando iremos de fato questionar seriamente nossos valores no que diz respeito ao que significa uma vida que valha a pena ser vivida e saltar do discurso para a ação? Refiro-me a sentirmo-nos bem, principalmente com afetos, não com coisas. A aprendermos, na medida em que as inevitáveis atribulações da vida o permitam, usufruir de razoável paz conosco mesmos, sem a necessidade de manter essa corrida desenfreada em busca de aquisição das bugigangas tecnológicas que nos são empurradas diuturnamente pela propaganda que, com a promessa de preencher a eterna lacuna do desejar, somente exacerba nossa irracional tendência à busca por satisfação plena.
Sei. Fácil falar, difícil por em prática. Mas se não tentarmos chegaremos a algum lugar satisfatório?
Uma viagem de carro num fim de semana. Eu no banco de trás. Filha e genro na frente. Fim de tarde. Sol poente à direita. Temperatura agradável. Os dois a conversar, não “animadamente”, mas de uma forma que somente os que se encontram em plena harmonia, fruindo o momento sem nem ao menos trazer à consciência a ideia contentamento, podem vivenciá-lo de maneira intensa.
Momento fugaz que guardo na memória afetiva e que alimentará por muito tempo (assim espero) meus anos à frente.
Experiências como estas que me remetem um poema de William Blake intitulado Eternidade, cuja tradução livre poderia ser: “Aquele que se amarra à alegria destrói a leveza da vida; mas quem a beija em seu voo vive em um eterno amanhecer”.
Como esses muitos outros vivi. Na maioria deles a presença de minha filha. Um riso cristalino, ainda criança. Um pensar com os botões da roupa, aos três anos. Aos sete, encarapitada em um galho de árvore, sorrindo com uma flor na mão. Ela, sem que o percebesse, me ensinou a imprescindibilidade do saber usufruir das “pequenas” alegrias da vida. Saber esse indispensável porque me propiciou a capacidade de manter acesas as chamas destes, aparentemente, insignificantes momentos qual nenhum dos “grandes” acontecimentos de minha vida (aprovação no vestibular, formatura, primeiro emprego como engenheiro) conseguiu fazê-lo de maneira tão duradoura. Pequenas velas que iluminaram os dias que se apresentaram escuros em minha vida.
Episódios desse tipo me fizeram perceber o que realmente importa. E que tudo o que é valioso pode ser mantido sem medo de que nos seja tomado. Fizeram-me ver – apreender e introjetar são verbos que melhor se aplicam ao caso – que momentos fugazes podem se tornar eternos. Que a condição para fazer um belo momento transcender a efemeridade é a intensidade da emoção que ele faz brotar. Emoção inesperada, porque de acontecimento aparentemente banal.
Paternidade com forte sentimento parental: excelente caminho para a descoberta do real significado de felicidade. Por falar em paternidade, o leitor desculpe a digressão, o que foi feito da paternidade responsável? Questão a ser pensada. Voltemos ao tema do presente texto.
Quando iremos de fato questionar seriamente nossos valores no que diz respeito ao que significa uma vida que valha a pena ser vivida e saltar do discurso para a ação? Refiro-me a sentirmo-nos bem, principalmente com afetos, não com coisas. A aprendermos, na medida em que as inevitáveis atribulações da vida o permitam, usufruir de razoável paz conosco mesmos, sem a necessidade de manter essa corrida desenfreada em busca de aquisição das bugigangas tecnológicas que nos são empurradas diuturnamente pela propaganda que, com a promessa de preencher a eterna lacuna do desejar, somente exacerba nossa irracional tendência à busca por satisfação plena.
Sei. Fácil falar, difícil por em prática. Mas se não tentarmos chegaremos a algum lugar satisfatório?