Escritores do país de Caruaru

Valéria Barbalho
Médica
valeriageni@gmail.com

Publicação: 23/04/2014 03:00

Fui à posse do novo presidente do Instituto Histórico de Caruaru (IHC), o historiador Walmiré Dimeron Porto (15.04.2014). Na ocasião, foi entregue, ao “eterno prefeito” Anastácio Rodrigues, o título de Presidente Emérito do IHC e inaugurada a Galeria dos Ícones de Caruaru. No espaço situado no primeiro andar da velha Estação Ferroviária encontram-se a faixa de Miss Mundo/1959 (da bela caruaruense Dione Oliveira, que conquistou o título em Londres, para o Brasil), fotos antigas da cidade tiradas por Pissica, a partitura do Hino de Caruaru (do professor Machadinho) e outras relíquias que pertenceram a personalidades da nossa terrinha. Contudo, o que mais chamou minha atenção foi a estante com alguns exemplares de livros de escritores caruaruenses.

Recentemente, mexendo nos arquivos do meu pai, à procura de outro documento, encontrei cópia de uma carta escrita por ele, em setembro de 1993, falando sobre os “escritores do País de Caruaru”. Era a resposta de Nelson Barbalho à senhora Maria da Glória Alencar, responsável, na época, pela Biblioteca Pública de Caruaru. Ela havia solicitado nomes de escritores da Terra de Vitalino, com livros publicados, para compor uma seção especial com seus títulos. Além de elogiar a iniciativa daquela senhora, meu pai sugeriu que fossem inclusos não apenas os autores nascidos em Caruaru, mas, também, aqueles que adotaram a cidade como sua ou escreveram sobre ela. Na bucha, de cabeça, ele satisfez o pedido de dona Maria da Glória e lembrou-se de: Alfredo Pinto Vieira de Melo (primeiro caruaruense nato a publicar livros), Irineu Malagueta de Pontes, Aurélio de Limeira Tejo, José Elísio Condé, Álvaro Lins, Baptista de Almeida, Claribalte Passos, Mario Sette (até romance sobre as Rendeiras do Cedro, de Caruaru, publicou), Gustavo de Freitas e seu filho Joel Pontes, Lycio Neves, Luiz de Castro Souza, Waldénio Porto, Antônio Fasanaro, Augusto Tabosa, Luiz Pessoa da Silva e Artur Tabosa, Pedro Eustáquio Vieira, Odílio Andrade, José Ramos de Vasconcelos, Mário Fonseca, Francisco de Assis Claudino, Lourival Vilanova, Tabosa de Almeida e seu filho Douglas, Maria das Graças Santos, Silvio Paes Barreto, Adeth Leite, Cacilda Santos (em parceria com outros poetas), Kermógenes Dias, José Condé, Austragésilo de Athaide, João Luiz Torres, Amaro Matias, Azael Leitão, João Lacerda, Zacarias Campelo e Rosalino da Costa Lima, Malude Maciel, Gianina Mastroianni, Norma Thereza (filha de José Leão), Ana Maria César; Lourdes Alves, Agnaldo Fagundes Bezerra, Aureliano Alves Neto, Aleixo Leite Filho, Cervantes, João de Deus de Oliveira Dias, Lenildo Tabosa Pessoa, Ezequias Rodrigues e Severino Moura.

No final da carta, ele se justificou dizendo que certamente teria esquecido alguém e, quando lembrasse, avisaria (ele mesmo não se incluiu na lista). E, ainda, fez um comentário: “Não sei de cidade do interior nordestino que possua tantos escritores publicados quanto a Capital do Agreste”. Um mês após essa carta, meu pai foi escrever suas histórias no Céuzinho de Caruaru e a relação dele ficou incompleta.

Passados mais de vinte anos, essa lista deve estar maior que a Feira de Caruaru! Brincadeira à parte, não fiz pesquisa, mas sei que são tantos, que o dia 16 de agosto foi escolhido para ser o Dia do Escritor do Município (lei no 4.712/08). Oportuno lembrar que ainda existem aqueles que escreveram livros, porém ainda não foram publicados, por razões diversas, como, por exemplo, Henrique Figueiredo e Luiz Torres.

Seria ótimo que todos os autores caruaruenses (natos e honorários), ou seus familiares, se manifestassem, completando essa lista, e fizessem doação das suas publicações para o IHC. Se isso acontecer, o seu presidente vai ter que providenciar tantas estantes para comportá-los, que aquele espaço vai se transformar numa imensa Biblioteca de escritores do país de Caruaru. Oxalá!