Alexandre Rands Barros
Economista
Publicação: 07/06/2025 03:00
A formação social, marcada pelas interações entre distintas classes sociais, legou ao Brasil uma estrutura que ajudou a consolidar seu atraso relativo desde 1950. Até então, o país havia conseguido reduzir em parte esse atraso, especialmente ao longo dos 70 anos anteriores, beneficiando-se do impulso trazido pelas imigrações europeias e japonesas. No entanto, a partir da década de 1950, tornou-se evidente que seria necessário encontrar novas fontes internas de dinamismo para sustentar o desenvolvimento econômico. Tentou-se políticas de industrialização e incentivos a setores específicos da economia. Porém, essa força renovadora não foi capaz de gerar resultados de longo prazo consistentes na dinâmica social brasileira. Faltou aos formuladores de políticas públicas da época perceberem que a grande deficiência que havia no país era a formação da mão-de-obra. E não o acesso a capital físico-financeiro, como imaginaram. Os esforços públicos deveriam se dirigir principalmente à formação da mão-de-obra, ao invés de ao subsídio do capital, que só beneficiava empresários, geralmente já ricos.
A manutenção desse atraso em relação aos países desenvolvidos, especialmente quando observamos a diferença persistente na renda per capita, encontra explicações que vão além de fatores econômicos imediatos. A origem do problema está enraizada na cultura e nas instituições que se formaram historicamente no Brasil. Ambas foram moldadas por conflitos entre classes sociais, que criaram um país marcado por uma estrutura social profundamente segmentada. Essa segmentação gerou uma falta de empatia e conexão entre as diferentes classes sociais, tanto no plano político quanto cultural e ideológico. As elites, por muito tempo, não se viam como parte de uma coletividade que incluía as demais camadas da sociedade, majoritárias em número. Essa divisão, herdada do passado, manteve-se presente na segunda metade do século 20, e apesar de transformações nas relações sociais e no equilíbrio de poder entre as classes, essas mudanças não foram suficientes para impulsionar o crescimento com a velocidade necessária.
Desde meados do século passado, formou-se uma hegemonia política sustentada por dois grupos principais: a elite econômica e a classe média. A primeira se beneficiava de barreiras à concorrência externa e subsídios internos, enquanto a segunda prosperava com a expansão do aparato burocrático estatal. Unidos, esses grupos consolidaram uma visão ideológica baseada na necessidade de um Estado grande, com forte presença na economia, elevado controle e protecionismo aos empresários nacionais. Essa ideologia acabou por restringir o dinamismo econômico do país. A burocracia excessiva e o intervencionismo estatal limitaram o espaço para o empreendedorismo e para a inovação. Ao mesmo tempo, a baixa qualificação educacional da maioria da população, relegada a utilização de parcos recursos educacionais, impediu a adoção generalizada de processos produtivos mais sofisticados, restringindo o potencial de crescimento sustentado e mais inclusivo.
A manutenção desse atraso em relação aos países desenvolvidos, especialmente quando observamos a diferença persistente na renda per capita, encontra explicações que vão além de fatores econômicos imediatos. A origem do problema está enraizada na cultura e nas instituições que se formaram historicamente no Brasil. Ambas foram moldadas por conflitos entre classes sociais, que criaram um país marcado por uma estrutura social profundamente segmentada. Essa segmentação gerou uma falta de empatia e conexão entre as diferentes classes sociais, tanto no plano político quanto cultural e ideológico. As elites, por muito tempo, não se viam como parte de uma coletividade que incluía as demais camadas da sociedade, majoritárias em número. Essa divisão, herdada do passado, manteve-se presente na segunda metade do século 20, e apesar de transformações nas relações sociais e no equilíbrio de poder entre as classes, essas mudanças não foram suficientes para impulsionar o crescimento com a velocidade necessária.
Desde meados do século passado, formou-se uma hegemonia política sustentada por dois grupos principais: a elite econômica e a classe média. A primeira se beneficiava de barreiras à concorrência externa e subsídios internos, enquanto a segunda prosperava com a expansão do aparato burocrático estatal. Unidos, esses grupos consolidaram uma visão ideológica baseada na necessidade de um Estado grande, com forte presença na economia, elevado controle e protecionismo aos empresários nacionais. Essa ideologia acabou por restringir o dinamismo econômico do país. A burocracia excessiva e o intervencionismo estatal limitaram o espaço para o empreendedorismo e para a inovação. Ao mesmo tempo, a baixa qualificação educacional da maioria da população, relegada a utilização de parcos recursos educacionais, impediu a adoção generalizada de processos produtivos mais sofisticados, restringindo o potencial de crescimento sustentado e mais inclusivo.