Racismo nos EUA

Publicação: 21/08/2014 03:00

No ano que vem, os Estados Unidos completarão meio século sem racismo institucional, vigente em leis que negavam direitos a cidadãos afrodescendentes. A segregação imperava nos transportes e até em banheiros, além de impedir casamento inter-racial, ainda que a união fosse desejo dos noivos.

A situação minorou com a Lei dos Direitos Civis, promulgada pelo presidente Lyndon Johnson em 1964. Mas ainda foram necessários 44 anos até que um negro chegasse à Casa Branca. Resta saber quando — ou se — a cultura do preconceito será página virada no país (e fora dele).

Na terça-feira, manifestações tomavam as ruas de um subúrbio de Saint Louis, a capital do Missouri, em protesto contra a morte de um jovem negro, de 18 anos, por policial branco, enquanto parte da população branca demonstrava apoio ao agente da lei. Não demorou para que, a 6km dali, outro rapaz negro, de 23 anos, também fosse morto a tiros por agentes, apenas 10 dias depois do primeiro episódio.

Indignados, populares indagavam a razão para o recurso a armas de fogo, em vez de a outras, não letais.

Vale lembrar que a Ku Klux Klan, ainda hoje ativa, prosperou na terra de Tio Sam graças à cegueira da Justiça, que fechava os olhos enquanto inocentes eram enforcados, linchados, torturados e queimados vivos, vítimas do ódio racial. Essa época, com o horror explícito impune, passou. Mas não pode vingar em proporção alguma.

Por fim, a discriminação racial tem de ser enfrentado em todos os continentes. Latente ou patente, tem se manifestado com frequência, como se vê, inclusive no esporte, a exemplo do que repetidas vezes ocorreu em estádios de futebol, seja na Europa, seja na América do Sul. A campanha antirracismo por ocasião da Copa do Mundo no Brasil precisa adquirir dimensão planetária e permanente até profunda evolução cultural.