Marcelo Navarro
MEMBRO ELEITO DA ACADEMIA NORTE RIO GRANDENSE DE LETRAS
mnrdantas@uol.com.br
Publicação: 12/10/2014 03:00
Quem foi menino nos anos sessenta e setenta do século passado – eita, que parece que o caboclo que está falando é um matusalém... – não esquece os desenhos animados que passavam na TV e também nas matinês de domingo, no cinema, junto com os filmes de Tarzan. Eram, principalmente, desenhos curtos, muito inteligentes, que os agora adultos podem assistir e continuar se divertindo. Eles envelheceram bem, talvez melhor que a gente. O louco, às vezes delirante, Pica-Pau e sua risadinha característica. Pernalonga e sua turma (Patolino, Gaguinho e outros tantos); Frajola e Piu-Piu; Bip-Bip e o Coiote eternamente a persegui-lo sem êxito, apesar de tantos truques sempre da marca Acme. As trilhas sonoras caprichadíssimas, com muitos autores clássicos, em especial Chopin. Há vários episódios em que o coelho mais louco da animação aparece como pianista, maestro e até encenando óperas.
Depois de velho, comprei tudo o que encontrei em CDs. Hoje está tudo no YouTube, pra quem quiser ver e ouvir. Muito desse fundo musical – que também aparecia nos indefectíveis desenhos de Tom & Jerry – foi o primeiro contato das crianças da minha geração com a música erudita. Walt Disney explorou isso de modo magistral nos seus desenhos longa-metragem, principalmente na obra-prima Fantasia. Mas isso, no meu tempo, só se via no cinema, ainda não havia videocassete, DVD, blu-ray nem internet.
Outro desenho que usava a música de modo magistral era a Pantera Cor de Rosa, com seu tema maravilhoso de Henry Mancini. Lembro de um episódio em que “o homenzinho da Pantera” – era assim que nos referíamos a seu enfezado antagonista -- era o maestro de uma orquestra, e queria tocar a 5ª Sinfonia de Beethoven mas era sistematicamente sabotado pelo róseo felino, que ao final conseguia substituí-la pelo seu próprio tema. Ouviam-se palmas na plateia, e o enquadramento mostrava um Mancini sorridente, fazendo homenagem à própria criação musical.
Mas a maior parte dos desenhos animados da televisão da minha infância era de Hanna-Barbera, que a gente pensava ser uma mulher, mas que depois soube ser uma dupla de marmanjos, William e Joseph, criadores de uma galeria interminável: Maguila, o gorila (que tempos depois batizaria o boxeador); os detetives Olho Vivo e Faro Fino; Wally, o jacaré; Bibo pai e Bóbi filho; Lippy, o leão e Hardy, a azaradíssima hiena (oh, vida!...); o xerife mais rápido do Oeste, o Coelho Ricochete (bingue-bingue-bingue!) e seu lentíssimo assistente Blau Blau (muito antes do ursinho de mesmo nome que abusou naquela baladinha açucarada uma década e meia depois); outro xerife (o tema faroeste era recorrente), o cavalo Pepe Legal e seu (de novo!) assistente Babalu (nome de música famosa que Ângela Maria cantava); Zé Colmeia, o urso trambiqueiro, e seu amigo Catatau; Mandachuva e sua turma (Batatinha, Bacana, Espeto, Gênio e Chuchu), sempre enganando o Guarda Belo em aventuras geniais. E as famílias da pré-história e do futuro, os Flintstones (Fred e Vilma, Bam-bam e Pedrita, Barney e Betty, o cão-dinossauro Dino) e os Jetsons (Jorge, Jane, Judy, Elroy e o cão Astro).
Há outros, que agora estou esquecendo. E não vou dizer nada mais neste artigo. Afinal, só me ocorrem duas palavras. Intraduzíveis, mas que traduzem tudo: saudade e iabadabadu!
Depois de velho, comprei tudo o que encontrei em CDs. Hoje está tudo no YouTube, pra quem quiser ver e ouvir. Muito desse fundo musical – que também aparecia nos indefectíveis desenhos de Tom & Jerry – foi o primeiro contato das crianças da minha geração com a música erudita. Walt Disney explorou isso de modo magistral nos seus desenhos longa-metragem, principalmente na obra-prima Fantasia. Mas isso, no meu tempo, só se via no cinema, ainda não havia videocassete, DVD, blu-ray nem internet.
Outro desenho que usava a música de modo magistral era a Pantera Cor de Rosa, com seu tema maravilhoso de Henry Mancini. Lembro de um episódio em que “o homenzinho da Pantera” – era assim que nos referíamos a seu enfezado antagonista -- era o maestro de uma orquestra, e queria tocar a 5ª Sinfonia de Beethoven mas era sistematicamente sabotado pelo róseo felino, que ao final conseguia substituí-la pelo seu próprio tema. Ouviam-se palmas na plateia, e o enquadramento mostrava um Mancini sorridente, fazendo homenagem à própria criação musical.
Mas a maior parte dos desenhos animados da televisão da minha infância era de Hanna-Barbera, que a gente pensava ser uma mulher, mas que depois soube ser uma dupla de marmanjos, William e Joseph, criadores de uma galeria interminável: Maguila, o gorila (que tempos depois batizaria o boxeador); os detetives Olho Vivo e Faro Fino; Wally, o jacaré; Bibo pai e Bóbi filho; Lippy, o leão e Hardy, a azaradíssima hiena (oh, vida!...); o xerife mais rápido do Oeste, o Coelho Ricochete (bingue-bingue-bingue!) e seu lentíssimo assistente Blau Blau (muito antes do ursinho de mesmo nome que abusou naquela baladinha açucarada uma década e meia depois); outro xerife (o tema faroeste era recorrente), o cavalo Pepe Legal e seu (de novo!) assistente Babalu (nome de música famosa que Ângela Maria cantava); Zé Colmeia, o urso trambiqueiro, e seu amigo Catatau; Mandachuva e sua turma (Batatinha, Bacana, Espeto, Gênio e Chuchu), sempre enganando o Guarda Belo em aventuras geniais. E as famílias da pré-história e do futuro, os Flintstones (Fred e Vilma, Bam-bam e Pedrita, Barney e Betty, o cão-dinossauro Dino) e os Jetsons (Jorge, Jane, Judy, Elroy e o cão Astro).
Há outros, que agora estou esquecendo. E não vou dizer nada mais neste artigo. Afinal, só me ocorrem duas palavras. Intraduzíveis, mas que traduzem tudo: saudade e iabadabadu!