O maior filme da história

Heldio Villar
Professor da Escola Politécnica da UPE
heldiovillar@hotmail.com

Publicação: 10/12/2014 03:00

Há 75 anos, uma ansiosa plateia em Atlanta assistia à mais esperada estreia da história do cinema: naquele 15 de dezembro era lançado “...E o vento levou”, para muitos o maior filme da história. Para fazê-lo, foram gastos 3 anos e quase 4 milhões de dólares. Mas valeu a pena. As aventuras da “socialite” do Sul dos EUA Scarlett O’Hara, tendo como pano de fundo a Guerra Civil, encantaram multidões.

O produtor David Selznick comprou os direitos do livro de Margaret Mitchell – Prêmio Pulitzer de 1936 – por 50 mil dólares tão logo foi publicado, mas as filmagens esperaram mais de dois anos até que ele garantisse Clark Gable no papel do ricaço Rhett Butler. A busca por Scarlett movimentou os EUA. Famosas como Paulette Goddard, Bette Davis, Jean Arthur, Joan Crawford e Katherine Hepburn – entre 1.400 – foram cogitadas, sendo feitas dúzias de testes. Havia um problema geopolítico: jamais as plateias do Sul aceitariam uma Scarlett nascida no Norte. Durante a filmagem do incêndio de Atlanta – que usou todas as 7 câmeras Technicolor de Hollywood – Laurence Olivier apresentou sua mulher, Vivien Leigh, a Selznick, dizendo: “Eis sua Scarlett O’Hara”. Sendo inglesa, o problema geopolítico estava resolvido. E o artístico também. Sem dúvida, ninguém teria sido uma tão perfeita Scarlett como Vivien Leigh, que se destacou num elenco que trazia Olivia de Havilland, Leslie Howard e Thomas Mitchell.

Tudo em “...E o vento levou” é superlativo. Foi o mais longo filme totalmente colorido até então. Os efeitos visuais e os cenários impressionam até hoje. Só como soldados foram contratados 1.500 extras. Sua bilheteria, corrigida pela inflação, superou os 3 bilhões de dólares, fazendo dele o mais bem sucedido da história. Foi também o filme da época com mais indicações para o Oscar e recordista de estatuetas: 10, incluindo melhor filme, melhor diretor, melhor atriz e, obviamente, melhor fotografia em cores.

Um dado curioso: corrigidos pela inflação, os 3,85 milhões de dólares gastos por Selznick valeriam hoje uns 66 milhões. O que Selznick faria com esse dinheiro? Contrataria dois grandes astros, por exemplo, Leonardo de Caprio e Sandra Bullock, mas não faria filme algum. Para felicidade dos cinéfilos, aqueles eram outros tempos.