José Napoleão T. de Oliveira
Ex-presidente do TJ-PE
napoleaot@uol.com.br
Publicação: 24/03/2015 03:00
A Igreja não permite que o toque do Ângelus seja executado através de um sino trincado: o som soa falso, incomoda o ouvido; na orquestra um instrumento desafinado enfeia a melodia, compromete a regência, desafia o auditório; na obra literária, seja verso - uma aliteração -, seja prosa - um descuido de concordância -, desacredita o autor, o revisor, a editora; nos tribunais, um julgamento que afronte o entendimento acerca de uma tese de Direito já assentada na jurisprudência fere o princípio da segurança jurídica; na lei - é um axioma - não há palavras inúteis; um erro, menor que seja, num cálculo matemático, desmorona a construção; o bisturi que se desvia da linha desacredita o cirurgião é fatal para o doente; no futebol, bola na trave sequer conta para desempatar o jogo; enfim, a precisão compromete os seus cuidados, “cerca os cuidados de cuidado” nas palavras do poeta; exigem apontamentos, critério, talento, competência; tudo em que não se pode permitir o viés do azar.
Assim a palavra, que ao lado dos seus encantos, por ser a via do pensamento, tem suas exigências para a hora em que há de ser pronunciada, por quem e para a adequada finalidade, por isso que não se permite palavra oca, desassisada.
Em muitos falta a consciência do compromisso de dizer, de falar, de articular a frase e do momento de assim proceder, o que desautoriza quem pensa que está falando, crente que está dizendo, quando, em realidade, está enganando, o que é o mesmo de estar inventando, desdizendo por que o pensamento não anda por via transversa; ricocheteia no impossível; é uma das poucas vezes em que o eco não retorna, perde-se no infinito.
Democracia, liberdade de imprensa e de expressão, financiamento de campanha (!?) por exemplos, não são palavras ou frases soltas, não são brinquedos de menino no recreio da escola, como a peteca, a bola de gude, a panela de barro para a sensação do desfecho da “cabra cega”. Bem diferente, são sinônimos de conceitos sérios, que exigem voz austera, postura íntegra, força moral, confiabilidade, conteúdos que vestem o estadista, a liderança natural.
Até mesmo corrupção não é palavra a ser pronunciada por quem está tão próxima dos seus efeitos, dos seus resultados, por ter andado, no mínimo, na corda bamba que a sustenta em uma das torres de internacional refinaria; que treme como vara verde com medo da palavra impeachment, e que está com o som da voz fanhoso, em qualquer sentido, como o de taboca ou de taquara rachada, no dizer dos nossos maiores.
Assim a palavra, que ao lado dos seus encantos, por ser a via do pensamento, tem suas exigências para a hora em que há de ser pronunciada, por quem e para a adequada finalidade, por isso que não se permite palavra oca, desassisada.
Em muitos falta a consciência do compromisso de dizer, de falar, de articular a frase e do momento de assim proceder, o que desautoriza quem pensa que está falando, crente que está dizendo, quando, em realidade, está enganando, o que é o mesmo de estar inventando, desdizendo por que o pensamento não anda por via transversa; ricocheteia no impossível; é uma das poucas vezes em que o eco não retorna, perde-se no infinito.
Democracia, liberdade de imprensa e de expressão, financiamento de campanha (!?) por exemplos, não são palavras ou frases soltas, não são brinquedos de menino no recreio da escola, como a peteca, a bola de gude, a panela de barro para a sensação do desfecho da “cabra cega”. Bem diferente, são sinônimos de conceitos sérios, que exigem voz austera, postura íntegra, força moral, confiabilidade, conteúdos que vestem o estadista, a liderança natural.
Até mesmo corrupção não é palavra a ser pronunciada por quem está tão próxima dos seus efeitos, dos seus resultados, por ter andado, no mínimo, na corda bamba que a sustenta em uma das torres de internacional refinaria; que treme como vara verde com medo da palavra impeachment, e que está com o som da voz fanhoso, em qualquer sentido, como o de taboca ou de taquara rachada, no dizer dos nossos maiores.