Roque de Brito Alves
Membro da Academia Pernambucana de Letras
Publicação: 07/04/2016 03:00
1. Sobre William Shakespeare (1564-1616), um verdadeiro gênio da humanidade, muito tem sido escrito e dito em sua louvação, porém com algumas análises - em minoria - até polêmicas que negam a sua existência ou que sustentam que vários autores (não somente ele) escreveram as suas obras, principalmente as tragédias.
2. Destacamos sobretudo a descrição das grandes paixões humanas - amor, ciúme, ódio, ambição, inveja, vingança, cobiça, etc. - através das virtudes, vícios, fraquezas, maldades dos seus personagens - principalmente em suas tragédias - e bem próprias do ser humano. Particularmente dos seus tipos criminais, em descrição que supera e antecipa por sua profundidade e realismo as análises científicas (sobretudo psicológicas e psiquiátricas) do século 19. Muitos dos seus monólogos e diálogos trágicos e cômicos, cenas de suas peças teatrais são retratos expressivos da vida quotidiana, em uma documentação humana, social e familiar que poderia ser aplicada aos costumes, às misérias e às virtudes da sociedade contemporânea.
3. Em relação ao estudo do fenômeno criminal, tornou-se ponto pacífico o reconhecimento de muitos dos seus personagens como símbolos de certos tipos de criminosos. Assim, em síntese, podemos indicar Hamlet como o delinquente louco, Othello como o criminoso passional por excelência, Macbeth como o delinquente por ambição política, Ricardo III como o criminoso por complexo de inferioridade, a Lady Macbeth como o modelo da criminosa perversa, sem sensibilidade alguma que nega, por si mesma, as principais virtudes do sexo feminino, etc. Ainda, antecipando muitas teses científicas modernas da medicina, fisiologia, psiquiatria, biotipologia, etc. demonstrou, em exposição geral, a decadência senil ou velhice patológica em “Henrique IV” e “Rei Lear”, o fenômeno da embriaguez e a crítica dos fisionomistas em Macbeth, lições da ciência da Biotipologia na tragédia “Júlio César”, etc. Em síntese, entendemos que os seus personagens Ricardo III e Macbeth são símbolos perfeitos de uma verdadeira “metafísica do mal”, a maldade humana em sua expressão máxima.
Por outra parte, vários trechos da tragédia “Othello” revelam o tormento infernal da psicologia do ciumento; o monólogo inicial da tragédia “Ricardo III” (tão famoso e profundo como o de “Hamlet” sobre a dúvida) demonstra, com detalhes e sutilezas, o domínio do complexo de inferioridade sobre uma personalidade e sua conduta (inclusive a criminosa) traiçoeira e perversa, complexo que cientificamente, no século 20, com a teoria da Psicologia Individual de Alfred Adler (1870-1937) teve grande relevo.
4. Assim sendo, entendemos que as paixões humanas mais profundas e o mistério das grandes almas criminosas - já descritas, em 400 e 500 anos antes de Cristo, pelos célebres trágicos gregos Ésquilo, Sófocles e Eurípedes -, e o próprio ser humano em toda a sua grandeza e miséria encontraram no genial Shakespeare o seu maior intérprete em seus personagens imortais.
2. Destacamos sobretudo a descrição das grandes paixões humanas - amor, ciúme, ódio, ambição, inveja, vingança, cobiça, etc. - através das virtudes, vícios, fraquezas, maldades dos seus personagens - principalmente em suas tragédias - e bem próprias do ser humano. Particularmente dos seus tipos criminais, em descrição que supera e antecipa por sua profundidade e realismo as análises científicas (sobretudo psicológicas e psiquiátricas) do século 19. Muitos dos seus monólogos e diálogos trágicos e cômicos, cenas de suas peças teatrais são retratos expressivos da vida quotidiana, em uma documentação humana, social e familiar que poderia ser aplicada aos costumes, às misérias e às virtudes da sociedade contemporânea.
3. Em relação ao estudo do fenômeno criminal, tornou-se ponto pacífico o reconhecimento de muitos dos seus personagens como símbolos de certos tipos de criminosos. Assim, em síntese, podemos indicar Hamlet como o delinquente louco, Othello como o criminoso passional por excelência, Macbeth como o delinquente por ambição política, Ricardo III como o criminoso por complexo de inferioridade, a Lady Macbeth como o modelo da criminosa perversa, sem sensibilidade alguma que nega, por si mesma, as principais virtudes do sexo feminino, etc. Ainda, antecipando muitas teses científicas modernas da medicina, fisiologia, psiquiatria, biotipologia, etc. demonstrou, em exposição geral, a decadência senil ou velhice patológica em “Henrique IV” e “Rei Lear”, o fenômeno da embriaguez e a crítica dos fisionomistas em Macbeth, lições da ciência da Biotipologia na tragédia “Júlio César”, etc. Em síntese, entendemos que os seus personagens Ricardo III e Macbeth são símbolos perfeitos de uma verdadeira “metafísica do mal”, a maldade humana em sua expressão máxima.
Por outra parte, vários trechos da tragédia “Othello” revelam o tormento infernal da psicologia do ciumento; o monólogo inicial da tragédia “Ricardo III” (tão famoso e profundo como o de “Hamlet” sobre a dúvida) demonstra, com detalhes e sutilezas, o domínio do complexo de inferioridade sobre uma personalidade e sua conduta (inclusive a criminosa) traiçoeira e perversa, complexo que cientificamente, no século 20, com a teoria da Psicologia Individual de Alfred Adler (1870-1937) teve grande relevo.
4. Assim sendo, entendemos que as paixões humanas mais profundas e o mistério das grandes almas criminosas - já descritas, em 400 e 500 anos antes de Cristo, pelos célebres trágicos gregos Ésquilo, Sófocles e Eurípedes -, e o próprio ser humano em toda a sua grandeza e miséria encontraram no genial Shakespeare o seu maior intérprete em seus personagens imortais.