A importância da participação política e do voto

José Carlos de Almeida Júnior
Professor

Publicação: 06/10/2016 03:00

Levados por uma grande apatia, condição psicológica que se caracteriza pela indiferença, falta de emoção e ou motivação, neste caso especifico, com a política e os políticos, muitas pessoas estão demonstrando, e as pesquisas, recentemente realizadas, confirmam isto, muito pouco interesse em participar do atual processo eleitoral.

Uma grande parcela, inclusive, tem afirmado não querer comparecer às urnas para votar, o que aumenta o percentual de abstenções, que em 2012, por exemplo, correspondeu a 16,38% do total de eleitores aptos a votar, ou seja, 191.565, e que foi maior que o número de votos da chapa encabeçada pelo PT (Humberto-João Paulo), que obteve 154.460 votos, ficando naquela eleição em terceiro lugar. Isso sem o desgaste que os políticos e os partidos sofreram, nos últimos quatro anos, com as acusações de corrupção.

Isto é muito ruim para a consolidação da democracia brasileira. Pois, sem participação política popular não existe democracia, já que, para a maioria dos cientistas políticos, o conceito de participação política tem seu significado fortemente vinculado à conquista dos direitos de cidadania. Em particular, à extensão dos direitos políticos aos cidadãos adultos.

Segundo esses estudiosos, se levarmos em consideração o contexto histórico, social e político, a expressão “participação política” se presta a inúmeras interpretações. Ela designa uma grande variedade de atividades, como votar, se candidatar a algum cargo eletivo, apoiar um candidato ou agremiação política, contribuir financeiramente para um partido político, participar de reuniões, manifestações ou comícios públicos, proceder à discussão de assuntos políticos etc.

Podendo atingir três níveis básicos de participação, que segundo Giacomo Sani, citado por Norberto Bobbio, em seu Dicionário de Política, são denominados da seguinte forma: o primeiro, nível de presença, aquele em que o cidadão atua de forma menos intensa, pois o mesmo engloba comportamentos tipicamente passivos, como, por exemplo, a participação em reuniões, ou meramente receptivos, como a exposição a mensagens e propagandas políticas. O segundo nível de participação é designado nível de ativação, está relacionado com atividades voluntárias que os indivíduos desenvolvem dentro ou fora de uma organização política, podendo abranger participação em campanhas eleitorais, propaganda e militância partidária, além de participação em manifestações públicas. E, finalmente, o terceiro nível, denominado pelo termo decisão, trata-se da situação em que o indivíduo contribui direta ou indiretamente para uma decisão política, elegendo um representante político (delegação de poderes) ou se candidatando a um cargo governamental (legislativo ou executivo).

O voto seria, então, a culminância desse processo de participação cidadã, já que em sistemas democráticos, as estruturas de participação política consideradas mais importantes estão relacionadas com o sufrágio universal (direito de voto) e os processos eleitorais competitivos em que forças políticas organizadas, sobretudo partidos políticos, disputam cargos eletivos. Para o filósofo Platão, “não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam”. Participe, vote.