Rodrigo Pellegrino de Azevedo
Advogado
Publicação: 02/11/2020 03:00
Essa mensagem será escrita, por mim, ser inexistente. Entendam, é que eu não nasci ainda. Isso ocorrerá no próximo ano de 2021. Estou, digamos assim, para não quebrar meu dever de sigilo cósmico e não assustar os vivos, num plano paralelo ao de vocês, em não existência. Tentando ser mais claro, nós (inascidos), sim, estamos com Ele, e vivemos num espaço onde o existir é uma hipótese, dentre tantas outras que, em potência, (co) laboram-se, sem que uma ou outra sejam as definitivas.
Que não me perguntem sobre imortalidade, por favor, pois o objetivo de todos nós, do lado de cá, é atingirmos a mortalidade, é cairmos desse plano para experimentarmos tudo isso que assistimos ao longe, ou ao lado, depende. As discussões têm se tornado cada vez mais difíceis aqui, todos não nascidos, mas que nascerão em 2021, debatem acerca do onde (?), quando(?) e por que(?) esse ou aquele lugar?
Darei uma informação que imagino não fazer eclodir a ira divina. Aqui, nós sempre recebemos informações sobre a nossa queda na Terra, debatemos o assunto, trocamos informações e, quase sempre, antevemos o que iremos encontrar. Entretanto, não temos o direito de refutar o destino. Por isso, antes mesmo de dizer onde(?), quando(?) e por que(?) nascerei em 2021, falarei da angústia das outras hipóteses de vida que comigo esperam, e não da minha, já definida.
A primeira hipótese de vida, está destinada a cair em Cairns, cidade do estado de Queensland, Austrália. A população do local é de pouco mais de 150.000 mil habitantes. Essa hipótese nascerá bem próximo da Grande Barreira de Corais. Nascida na Austrália, terá uma vida frugal, mas tem dúvidas sobre a sua permanência. Parece que irá para outro lugar, ainda não sabido.
A segunda hipótese de vida cairá no Chade, na África. Bem longe do acesso ao mar. Especificamente em Djamena, sua capital. Levará uma vida de extrema pobreza, na região de Chari-Baguirmi. Passará fome. Sofrerá perseguição política e religiosa. Será membro da Igreja “Palavra da Vida” e por ela será assassinada, em razão de denunciar a corrupção sistemática no seu país. Sua igreja também será queimada por intolerância religiosa.
A terceira hipótese de vida cairá em Roma. Especificamente bem próximo aos jardins da Villa Borghese. Será única hipótese de uma família abastada e passará sua existência na Via Michele Mercati. Bem próximo de si, escreverá livros, ainda editados pela “Editori Lateza”, localizada bem próximo de si, na Via di Villa Sacchetti. Terá muitos amores. Olhará sempre o final da tarde com uma taça de vinho à mão. Recitará poemas. Deixará saudades, aos seus, ficados.
A quarta hipótese terá sua queda no Chipre, bem no Mediterrâneo, em Limassol. Terá uma vida bem-sucedida e desenvolverá um comércio abundante e que ultrapassará as fronteiras da Ilha, ganhando o mundo. Será um defensor do livre comércio entre os povos. Amará a sabedoria dos negócios e apostará no conhecimento para os futuros caídos.
Mas eu, filho da quinta hipótese, descerei no Recife. Não posso dizer onde, pois estaria fazendo uma revelação. Como poderei ser muitos, espero, no mínimo, a igualdade de condições entre os diferentes. Não posso dizer se meu ponto de partida, será igual aos dos outros caídos em 2021. Apenas espero a “outridade”, sim, saber que existem outros e que eu farei parte de uma comunidade, sem a qual não viverei bem. Espero não ter que migrar para outros cantos. Muito mesmo espero a imortalidade logo cedo, pois sei que muitos caídos aí logo voltam.
Entre os tantos caídos em 2021, no Recife, peço desculpas antecipadas aos que já estão, apenas para dizer que não acertaram tanto assim. Todos erraram muito. Sim, como sou expectativa, espero apenas ser mais. Espero poder ir e vir sem sobressaltos. Morar bem. Amar. Viver, como vejo o que outros viverão, em outros lugares. Falei nas quedas das outras expectativas, apenas para dizer que, no mundo, sempre haverá lugares bons e ruins. Mas eu cairei aqui, no Recife. Meu lugar num mundo dos caídos. Que nós todos, hipóteses, sejamos felizes, na cidade onde não existo, ainda.
Que não me perguntem sobre imortalidade, por favor, pois o objetivo de todos nós, do lado de cá, é atingirmos a mortalidade, é cairmos desse plano para experimentarmos tudo isso que assistimos ao longe, ou ao lado, depende. As discussões têm se tornado cada vez mais difíceis aqui, todos não nascidos, mas que nascerão em 2021, debatem acerca do onde (?), quando(?) e por que(?) esse ou aquele lugar?
Darei uma informação que imagino não fazer eclodir a ira divina. Aqui, nós sempre recebemos informações sobre a nossa queda na Terra, debatemos o assunto, trocamos informações e, quase sempre, antevemos o que iremos encontrar. Entretanto, não temos o direito de refutar o destino. Por isso, antes mesmo de dizer onde(?), quando(?) e por que(?) nascerei em 2021, falarei da angústia das outras hipóteses de vida que comigo esperam, e não da minha, já definida.
A primeira hipótese de vida, está destinada a cair em Cairns, cidade do estado de Queensland, Austrália. A população do local é de pouco mais de 150.000 mil habitantes. Essa hipótese nascerá bem próximo da Grande Barreira de Corais. Nascida na Austrália, terá uma vida frugal, mas tem dúvidas sobre a sua permanência. Parece que irá para outro lugar, ainda não sabido.
A segunda hipótese de vida cairá no Chade, na África. Bem longe do acesso ao mar. Especificamente em Djamena, sua capital. Levará uma vida de extrema pobreza, na região de Chari-Baguirmi. Passará fome. Sofrerá perseguição política e religiosa. Será membro da Igreja “Palavra da Vida” e por ela será assassinada, em razão de denunciar a corrupção sistemática no seu país. Sua igreja também será queimada por intolerância religiosa.
A terceira hipótese de vida cairá em Roma. Especificamente bem próximo aos jardins da Villa Borghese. Será única hipótese de uma família abastada e passará sua existência na Via Michele Mercati. Bem próximo de si, escreverá livros, ainda editados pela “Editori Lateza”, localizada bem próximo de si, na Via di Villa Sacchetti. Terá muitos amores. Olhará sempre o final da tarde com uma taça de vinho à mão. Recitará poemas. Deixará saudades, aos seus, ficados.
A quarta hipótese terá sua queda no Chipre, bem no Mediterrâneo, em Limassol. Terá uma vida bem-sucedida e desenvolverá um comércio abundante e que ultrapassará as fronteiras da Ilha, ganhando o mundo. Será um defensor do livre comércio entre os povos. Amará a sabedoria dos negócios e apostará no conhecimento para os futuros caídos.
Mas eu, filho da quinta hipótese, descerei no Recife. Não posso dizer onde, pois estaria fazendo uma revelação. Como poderei ser muitos, espero, no mínimo, a igualdade de condições entre os diferentes. Não posso dizer se meu ponto de partida, será igual aos dos outros caídos em 2021. Apenas espero a “outridade”, sim, saber que existem outros e que eu farei parte de uma comunidade, sem a qual não viverei bem. Espero não ter que migrar para outros cantos. Muito mesmo espero a imortalidade logo cedo, pois sei que muitos caídos aí logo voltam.
Entre os tantos caídos em 2021, no Recife, peço desculpas antecipadas aos que já estão, apenas para dizer que não acertaram tanto assim. Todos erraram muito. Sim, como sou expectativa, espero apenas ser mais. Espero poder ir e vir sem sobressaltos. Morar bem. Amar. Viver, como vejo o que outros viverão, em outros lugares. Falei nas quedas das outras expectativas, apenas para dizer que, no mundo, sempre haverá lugares bons e ruins. Mas eu cairei aqui, no Recife. Meu lugar num mundo dos caídos. Que nós todos, hipóteses, sejamos felizes, na cidade onde não existo, ainda.