Paulino Fernandes de Lima
Defensor Público do Estado de Pernambuco e professor
Publicação: 25/12/2020 03:00
Abro o jornal e vejo a manchete: “Clarice Lispector é reconhecida como patrona da literatura de Pernambuco” (Diario de Pernambuco, edição de 11/08/2020). Em princípio, se poderia questionar por que se levou tanto tempo para o referido reconhecimento, mas pensando melhor, neste caso é válida a assertiva popular “antes tarde do que nunca”. No dia 10 de dezembro deste ano, foi celebrado o centenário de nascimento da escritora, nascida na Ucrânia, mas que viveu parte de sua infância no Recife.
Dona de um estilo marcadamente próprio de escrever, a autora de A descoberta do mundo, chamou a atenção de grandes nomes de nossa literatura, logo com sua primeira obra. Ainda hoje é objeto inesgotável de estudo da teoria e da crítica literária, além de continuar despertando o interesse e o encanto do público-leitor, seja do mundo acadêmico ou não. Uma de suas características mais destacadas é a narrativa de densidade psicológica envolvente, que diferiu do estilo cronológico, que era mais próprio de outros escritores a ela contemporâneos. Perto do coração selvagem foi sua obra de estreia, em 1932, aos 22 anos de idade, quando já revelava um estilo próprio de escrever, mas que deixa entrever, como em qualquer escritor, influências de outros autores. Estávamos em plena vigência do Modernismo brasileiro, com nomes como Mário de Andrade, Monteiro Lobato, dentre tantos outros no cenário da literatura brasileira. Destacar-se em meio a tantos grandes nomes de nossa literatura, portanto, não era tarefa nada fácil. Foi inserida, didaticamente, na Segunda Geração Modernista. Mas seu brilho literário só tinha dado o primeiro sinal de existência. Depois vieram romances, contos, crônicas e cartas que confirmaram que se estava diante de um das mais importantes escritoras brasileiras e mundiais. O Lustre (1946), A Cidade Sitiada (1949), Laços de Família (1960), A Maçã no Escuro (1961), A Legião Estrangeira (1964), A Paixão Segundo G. H (1964), Felicidade Clandestina (1971), Água Viva (1973), Via Crucis do Corpo (1974), e a novela adaptada para as telas, A Hora da Estrela (1977), são algumas das principais obras que se seguiram, após sua estreia. Além desse gênero narrativo, é possível ler Clarice, em contos, crônicas (em grande parte escritas, semanalmente, para jornais); bem como preciosas cartas que estavam inéditas, antes de a Editora Rocco publicá-las em 2002. Nelas, é possível compreender o tempo e as coisas do período, pois foram correspondências trocadas com outros escritores, artistas e intelectuais da época.
E as homenagens a ela nunca pararam. O Diario de Pernambuco já destacou, na edição de 11/08/2020, a honraria que recebeu do Estado, em agosto deste ano, de “cidadã pernambucana”; e da reforma do casarão em que viveu, na Praça Maciel Pinheiro, no Recife. E com lançamento previsto para 2021, a Editora Novo Estilo, publicará uma segunda coletânea (a primeira foi sobre Lobato), com cartas a Clarice, escrita por vários escritores, sob a organização de Salete Rego Barros.
Dona de um estilo marcadamente próprio de escrever, a autora de A descoberta do mundo, chamou a atenção de grandes nomes de nossa literatura, logo com sua primeira obra. Ainda hoje é objeto inesgotável de estudo da teoria e da crítica literária, além de continuar despertando o interesse e o encanto do público-leitor, seja do mundo acadêmico ou não. Uma de suas características mais destacadas é a narrativa de densidade psicológica envolvente, que diferiu do estilo cronológico, que era mais próprio de outros escritores a ela contemporâneos. Perto do coração selvagem foi sua obra de estreia, em 1932, aos 22 anos de idade, quando já revelava um estilo próprio de escrever, mas que deixa entrever, como em qualquer escritor, influências de outros autores. Estávamos em plena vigência do Modernismo brasileiro, com nomes como Mário de Andrade, Monteiro Lobato, dentre tantos outros no cenário da literatura brasileira. Destacar-se em meio a tantos grandes nomes de nossa literatura, portanto, não era tarefa nada fácil. Foi inserida, didaticamente, na Segunda Geração Modernista. Mas seu brilho literário só tinha dado o primeiro sinal de existência. Depois vieram romances, contos, crônicas e cartas que confirmaram que se estava diante de um das mais importantes escritoras brasileiras e mundiais. O Lustre (1946), A Cidade Sitiada (1949), Laços de Família (1960), A Maçã no Escuro (1961), A Legião Estrangeira (1964), A Paixão Segundo G. H (1964), Felicidade Clandestina (1971), Água Viva (1973), Via Crucis do Corpo (1974), e a novela adaptada para as telas, A Hora da Estrela (1977), são algumas das principais obras que se seguiram, após sua estreia. Além desse gênero narrativo, é possível ler Clarice, em contos, crônicas (em grande parte escritas, semanalmente, para jornais); bem como preciosas cartas que estavam inéditas, antes de a Editora Rocco publicá-las em 2002. Nelas, é possível compreender o tempo e as coisas do período, pois foram correspondências trocadas com outros escritores, artistas e intelectuais da época.
E as homenagens a ela nunca pararam. O Diario de Pernambuco já destacou, na edição de 11/08/2020, a honraria que recebeu do Estado, em agosto deste ano, de “cidadã pernambucana”; e da reforma do casarão em que viveu, na Praça Maciel Pinheiro, no Recife. E com lançamento previsto para 2021, a Editora Novo Estilo, publicará uma segunda coletânea (a primeira foi sobre Lobato), com cartas a Clarice, escrita por vários escritores, sob a organização de Salete Rego Barros.