Alexandre Rands Barros
Economista
Publicação: 21/12/2024 03:00
Muitas vezes atribui-se a Platão a afirmação de que é mais fácil se eleger para o parlamento um soldado mostrando suas feridas de guerra do que um filósofo que possa explicar por que a guerra não deveria acontecer e como poder-se-ia evitá-la. Essa frase traduz, de forma resumida, uma das principais mensagens do livro A República, de Platão. Ela tem motivado céticos quanto ao processo eleitoral, principalmente na escolha dos representantes do Legislativo. No caso do Brasil, atualmente, o ceticismo tem todos os motivos para prosperar. Pois, o nosso parlamento tem decepcionado muito a população. Nossos representantes, quase todos eles, só pensam em seus interesses privados, não se preocupando com o interesse público.
A votação do pacote eleitoral, ao longo dessa semana, é uma boa demonstração disso. Após período longo de negociação dos ministros da Fazenda e do Planejamento, o governo montou um pacote de medidas com vistas a promover um ajuste fiscal que reduzisse o déficit público e pudesse conter a escalada dos juros, da inflação e da dívida pública. O pacote é tímido, é verdade. Ainda deixou o país sob risco de déficits que podem desestabilizar a economia. Mas foi o possível, dadas as restrições políticas. É óbvio que a imensa maioria dos brasileiros gostaria que os gastos com os militares fossem cortados radicalmente. As suas aposentadorias e sistema de pensão de seus descendentes e viúvas chega a ser uma afronta aos brasileiros. É muito benefício para pouco mérito dos contemplados. Daria para cortar mais de R$ 10 bilhões anuais dessa fonte de gastos. A maioria de nós também gostaria de ver as emendas parlamentares reduzidas a menos da metade. Elas são ineficientes na promoção do bem-estar coletivo e servem mais aos interesses privados dos parlamentares do que à população. Daí, poderia haver um corte de gasto anual de mais de R$ 35 bilhões.
Nessa situação, o que fazem os parlamentares? Não demonstram ter um mínimo de espírito público nem compromisso com o bem-estar da população, mesmo no momento difícil atual. Ao invés de reduzir voluntariamente as emendas parlamentares e forçar reformas na aposentadoria e pensões dos militares, desbastam as medidas propostas e impedem a redução de emendas parlamentares individuais. Com isso, põem uma pedra sobre os sonhos de uma população que quer e pode melhorar de vida. Não vi um parlamentar sequer propor uma suspensão das emendas parlamentares dos próximos dois anos até o Brasil se recuperar. Ao contrário. Chantageiam o governo federal para obter mais liberação de emendas, em troca dos seus votos para uma parte do pacote, ainda se opondo a medidas importantes que podem reduzir o déficit público e sustentar a inflação.
Recorrendo às palavras de Platão, alguns propõem que talvez o Brasil tivesse um Congresso melhor se os deputados e senadores fossem escolhidos por sorteio, ao invés de escolhidos pelo voto. Pois há um processo de seleção dos que são eleitos que é extremamente perverso. O alto custo de entrada no Congresso Nacional faz com que somente indivíduos que se esforcem para saquear o Estado em benefício próprio sejam eleitos. Esse viés de seleção, atualmente, tem gerado resultados piores do que os de uma escolha aleatória, obtida por sorteio.
A votação do pacote eleitoral, ao longo dessa semana, é uma boa demonstração disso. Após período longo de negociação dos ministros da Fazenda e do Planejamento, o governo montou um pacote de medidas com vistas a promover um ajuste fiscal que reduzisse o déficit público e pudesse conter a escalada dos juros, da inflação e da dívida pública. O pacote é tímido, é verdade. Ainda deixou o país sob risco de déficits que podem desestabilizar a economia. Mas foi o possível, dadas as restrições políticas. É óbvio que a imensa maioria dos brasileiros gostaria que os gastos com os militares fossem cortados radicalmente. As suas aposentadorias e sistema de pensão de seus descendentes e viúvas chega a ser uma afronta aos brasileiros. É muito benefício para pouco mérito dos contemplados. Daria para cortar mais de R$ 10 bilhões anuais dessa fonte de gastos. A maioria de nós também gostaria de ver as emendas parlamentares reduzidas a menos da metade. Elas são ineficientes na promoção do bem-estar coletivo e servem mais aos interesses privados dos parlamentares do que à população. Daí, poderia haver um corte de gasto anual de mais de R$ 35 bilhões.
Nessa situação, o que fazem os parlamentares? Não demonstram ter um mínimo de espírito público nem compromisso com o bem-estar da população, mesmo no momento difícil atual. Ao invés de reduzir voluntariamente as emendas parlamentares e forçar reformas na aposentadoria e pensões dos militares, desbastam as medidas propostas e impedem a redução de emendas parlamentares individuais. Com isso, põem uma pedra sobre os sonhos de uma população que quer e pode melhorar de vida. Não vi um parlamentar sequer propor uma suspensão das emendas parlamentares dos próximos dois anos até o Brasil se recuperar. Ao contrário. Chantageiam o governo federal para obter mais liberação de emendas, em troca dos seus votos para uma parte do pacote, ainda se opondo a medidas importantes que podem reduzir o déficit público e sustentar a inflação.
Recorrendo às palavras de Platão, alguns propõem que talvez o Brasil tivesse um Congresso melhor se os deputados e senadores fossem escolhidos por sorteio, ao invés de escolhidos pelo voto. Pois há um processo de seleção dos que são eleitos que é extremamente perverso. O alto custo de entrada no Congresso Nacional faz com que somente indivíduos que se esforcem para saquear o Estado em benefício próprio sejam eleitos. Esse viés de seleção, atualmente, tem gerado resultados piores do que os de uma escolha aleatória, obtida por sorteio.