Felipe Ferreira Lima
Advogado, cientista político e professor de Direito Eleitoral
Publicação: 07/01/2025 03:00
Se, como dizem os especialistas, o “mal do século” é a ansiedade, que tantas enfermidades psíquicas tem gerado nos seres humanos mundo afora, espalhando-se por cada aspecto da vida em sociedade, a Política, enquanto ciência das relações humanas em torno do poder, não poderia ficar imune. No atual cenário político de Pernambuco, essa ansiedade se manifesta na antecipação do debate sucessório ao governo estadual, que promete ser uma disputa marcante, com repercussão nacional.
Após um ano intenso de eleições municipais em 2024, Pernambuco se vê no centro de especulações sobre uma possível batalha histórica entre a atual governadora, Raquel Lyra (PSDB), e o prefeito do Recife, João Campos (PSB). Campos, recentemente reeleito, em primeiro turno, com mais de 70% dos votos válidos, tem demonstrado um claro desejo de concorrer ao governo estadual. Sua reeleição expressiva não apenas consolidou seu poder na capital, mas também lhe concedeu a vantagem do tempo ao lado da “máquina” administrativa para manter sua popularidade em alta e seus movimentos políticos à vista dos eleitores.
Em contrapartida, a governadora Raquel Lyra, apesar de enfrentar um revés com a notável derrota de seu candidato na capital, obteve resultados significativos em outras partes do estado, especialmente em municípios da Região Metropolitana do Recife e do agreste pernambucano, incluindo Caruaru, seu “berço” político. Entretanto, seu desafio é maior: com pouco mais de um ano e meio até as eleições de 2026, ela não só precisa realizar entregas visíveis e concretas à população, como também deve solidificar um arco de apoios políticos essenciais para sua reeleição.
Para João Campos, a antecipação deste debate parece estratégica. Manter o clima de disputa ativo e esperar, do alto da cadeira de prefeito reeleito, os deslizes do governo do estado é, no mínimo, confortável, uma boa oportunidade para expandir sua influência jogando no erro do adversário. Enquanto isso, a governadora tem a árdua missão de equilibrar a gestão cotidiana com as exigências políticas de uma candidatura à reeleição. Essa dinâmica poderia, em tese, levar a uma aceleração das ações governamentais, com ambos os líderes buscando entregar resultados visíveis aos cidadãos para garantir apoio.
Porém, surge uma questão intrigante: será que o eleitor, protagonista de qualquer eleição democrática, perde com essa antecipação? A ansiedade eleitoral poderia mascarar uma análise mais profunda sobre a gestão estadual, desviando o foco das discussões essenciais sobre políticas públicas e administração? Ou, paradoxalmente, esse cenário poderia servir de incentivo para que tanto a governadora quanto o prefeito trabalhassem ainda mais para demonstrar suas capacidades de liderança e compromisso com os pernambucanos?
A verdade é que a antecipação do debate sucessório traz à tona a complexidade das relações políticas e o desejo humano por estabilidade e progresso. Apenas o tempo dirá se Pernambuco sairá fortalecido dessa corrida eleitoral que já começou a agitar o estado. Enquanto isso, resta-nos observar atentamente cada movimento, sem deixar que a ansiedade turve nossas vistas sobre a razão.
Após um ano intenso de eleições municipais em 2024, Pernambuco se vê no centro de especulações sobre uma possível batalha histórica entre a atual governadora, Raquel Lyra (PSDB), e o prefeito do Recife, João Campos (PSB). Campos, recentemente reeleito, em primeiro turno, com mais de 70% dos votos válidos, tem demonstrado um claro desejo de concorrer ao governo estadual. Sua reeleição expressiva não apenas consolidou seu poder na capital, mas também lhe concedeu a vantagem do tempo ao lado da “máquina” administrativa para manter sua popularidade em alta e seus movimentos políticos à vista dos eleitores.
Em contrapartida, a governadora Raquel Lyra, apesar de enfrentar um revés com a notável derrota de seu candidato na capital, obteve resultados significativos em outras partes do estado, especialmente em municípios da Região Metropolitana do Recife e do agreste pernambucano, incluindo Caruaru, seu “berço” político. Entretanto, seu desafio é maior: com pouco mais de um ano e meio até as eleições de 2026, ela não só precisa realizar entregas visíveis e concretas à população, como também deve solidificar um arco de apoios políticos essenciais para sua reeleição.
Para João Campos, a antecipação deste debate parece estratégica. Manter o clima de disputa ativo e esperar, do alto da cadeira de prefeito reeleito, os deslizes do governo do estado é, no mínimo, confortável, uma boa oportunidade para expandir sua influência jogando no erro do adversário. Enquanto isso, a governadora tem a árdua missão de equilibrar a gestão cotidiana com as exigências políticas de uma candidatura à reeleição. Essa dinâmica poderia, em tese, levar a uma aceleração das ações governamentais, com ambos os líderes buscando entregar resultados visíveis aos cidadãos para garantir apoio.
Porém, surge uma questão intrigante: será que o eleitor, protagonista de qualquer eleição democrática, perde com essa antecipação? A ansiedade eleitoral poderia mascarar uma análise mais profunda sobre a gestão estadual, desviando o foco das discussões essenciais sobre políticas públicas e administração? Ou, paradoxalmente, esse cenário poderia servir de incentivo para que tanto a governadora quanto o prefeito trabalhassem ainda mais para demonstrar suas capacidades de liderança e compromisso com os pernambucanos?
A verdade é que a antecipação do debate sucessório traz à tona a complexidade das relações políticas e o desejo humano por estabilidade e progresso. Apenas o tempo dirá se Pernambuco sairá fortalecido dessa corrida eleitoral que já começou a agitar o estado. Enquanto isso, resta-nos observar atentamente cada movimento, sem deixar que a ansiedade turve nossas vistas sobre a razão.