Estagnação e conflito

Angelo Castelo Branco
Jornalista

Publicação: 30/01/2025 03:00

O Brasil atravessa um momento político caracterizado por um cenário de polarização extrema, que impede avanços institucionais e o surgimento de lideranças capazes de promover a renovação e a reconciliação nacional.

Entre tensões internas e dilemas externos, os principais atores políticos contribuem para a sensação de surrealismo e desorientação no debate público. O governo de Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta críticas contundentes por ações que contradizem promessas de campanha, como a transparência e o fortalecimento das instituições democráticas. O domínio do STF sobre as demais esferas da República sugere uma tutela inédita na história. Sob o silêncio complacente do Palácio do Planalto.

A polêmica envolvendo supostas manipulações de dados do IBGE, a crise do PIX e a imposição de sigilos sobre gastos,  afetam gravemente a imagem do presidente. A sensação de retrocesso ético e a percepção de que decisões estão sendo tomadas à margem do interesse público se refletem na queda de sua popularidade, evidenciada em pesquisas de avaliação do governo.

No plano internacional, Lula tem adotado uma postura de silêncio em relação a regimes autoritários e movimentos controversos, como o Hamas e governos não democráticos. O que esvazia seu discurso antifascista e suas críticas aos golpistas e bolsonaristas.

Isso prejudica a imagem do Brasil no cenário global e gera atritos desnecessários, como o desgaste diplomático com os Estados Unidos, agravado pela decisão de negar o passaporte ao ex-presidente Jair Bolsonaro – uma atitude que muitos consideraram desproporcional e inoportuna.

Por sua vez, Jair Bolsonaro, mesmo inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), vive uma espécie de delírio cívico como se pudesse de fato disputar novamente a presidência em 2026. Esse posicionamento ignora a realidade política imposta pelas decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e de seu ministro Alexandre de Moraes. A insistência de Bolsonaro em se manter como figura central da oposição não apenas limita o espaço para novas lideranças conservadoras, mas também reforça a polarização que estagna o país.

Quem se debruça imparcialmente sobre a realidade brasileira, constata uma intensa polarização entre lulistas e bolsonaristas, cenário este que paralisa o processo político e impede o surgimento de alternativas que possam reconciliar o país. A ausência de lideranças jovens e inovadoras no cenário nacional, reprimidas pelos donos da polarização, é um sintoma dessa estagnação, onde o debate político gira em torno de personalidades desgastadas e projetos que priorizam o confronto em vez da construção.  

O Brasil precisa urgentemente de um novo caminho político, que passe pela superação das disputas ideológicas extremas e pela construção de um projeto nacional inclusivo e sustentável. Para isso, é fundamental que lideranças mais jovens e com propostas viáveis tenham a oportunidade de ocupar o espaço político, promovendo a renovação e a conciliação.

Sem essa mudança de paradigma, o país corre o risco de permanecer preso a um ciclo de estagnação e conflito, incapaz de avançar em questões cruciais para o desenvolvimento social, econômico e político. O Brasil merece mais do que repetir erros do passado e perpetuar uma disputa que não serve aos interesses da nação.

Os líderes atuais estão sufocados pela obsoleta cultura política ideológica dos anos 50, distantes dos processos civilizatórios exigidos pelas sociedades modernas. Estas sociedades escolhem seus gestores públicos com base na capacidade de entregar resultados, e não insultos, ameaças, censuras, mentiras, cassações e prisões. A história nos mostra que movimentos políticos inspirados por líderes conciliadores sempre foram recebidos de braços abertos pela nação brasileira.