Previsões de PIB para 2025

Alexandre Rands Barros
Economista

Publicação: 29/03/2025 03:00

O Banco Central publicou, nesta semana, novas previsões para o crescimento do PIB e da inflação neste ano. De acordo com elas, o PIB deve crescer 1,9% e a inflação deve atingir 5,1% nos doze meses de 2025. Vale observar que em 2024, o crescimento do PIB foi de 3,4%, enquanto a inflação medida pelo IPCA foi de 4,83%, segundo dados do IBGE. Ou seja, as previsões são de aumento da inflação e redução da taxa de crescimento do PIB, quando se compara ao que se verificou em 2024. Essas previsões também representam uma deterioração em relação ao que se projetava no relatório trimestral anterior do próprio Banco Central, quando a previsão para o PIB era de 2,1% e a da inflação, de 4,87%.

Notícias ruins, nos últimos 30 dias, justificam essa queda nas expectativas. No caso da inflação, os valores mensais de janeiro e fevereiro, além do IPCA-E de março mostram que os preços estão subindo acima do que se esperava. No caso do PIB, o IBC-BR tem sinalizado para um baixo crescimento, assim como alguns indicadores setoriais. Vale destacar também a desaceleração no final do ano, que teve crescimento de apenas 0,2% em relação ao trimestre anterior, quando se faz o ajuste sazonal. No entanto, os números para a atividade econômica nos dois primeiros meses de 2025 não seguiram a trajetória de declínio do último trimestre de 2024, apesar de sinalizarem para baixo crescimento.

Nos dois últimos anos, 2023 e 2024, o mau humor dos participantes do mercado de capitais, que são pessoas de maior poder aquisitivo, fez com que as expectativas anunciadas no primeiro trimestre, para o ano, fossem bem mais negativas do que o resultado que se verificou, principalmente em relação ao PIB. Diante desse fato e da continuidade do mau humor desses indivíduos, pode-se questionar se essas previsões não têm o mesmo viés subjetivo. Vale observar que, embora elas sejam do Banco Central, estão acompanhando as que têm sido apresentadas pelo setor privado. Por isso, poderiam trazer embutidas o viés dos agentes desse setor.

Em 2023 e 2024, era óbvio que isso iria acontecer. Tanto que algumas vezes cheguei a comentar aqui nesse espaço sobre esse viés e que as previsões estavam carregadas de desejos, sem aderência ao que se via na realidade. Entretanto, há duas mudanças nessa realidade. A primeira é que os agentes privados estão refratários a novos erros causados por viés ideológico. A segunda é que há evidências reais de desaceleração da economia. Além disso, essas irresponsabilidades de Trump podem arrefecer o crescimento da economia mundial e, dessa forma, ter impacto negativo no PIB brasileiro. Contudo, ainda acredito em viés remanescente. Embora o crescimento não venha a superar os 3%, o que vem acontecendo desde 2021, ele deve ainda chegar a algo próximo a 2,5%, acima das previsões dos agentes de mercado. A base para essa expectativa é a reação dos setores nos dois primeiros meses de 2025 e o nível elevado de investimento visto nos últimos dois anos. Quem viver, verá!