Luiz Alberto Mattos
Diretor do Centro de Ciências Médicas da UFPE. Ex-superintendente do Hospital das Clínicas da UFPE
Publicação: 28/04/2025 03:00
Há 2500 anos, Hipócrates rompeu com o misticismo e fundou os alicerces da medicina racional. Desde então, formar médicos significa mais que transmitir técnica: é forjar cidadãos com consciência ética, compromisso social e sensibilidade humana.
Essa é a missão do Centro de Ciências Médicas da UFPE. Criado em 2018, o CCM carrega em seu DNA um século de história e se consolida como espaço de excelência na formação, na pesquisa e na inovação em saúde. Integrando a graduação médica, programas de pós graduação e laboratórios, o centro representa a incorporação da FMR e a continuidade de uma linhagem de grandes mestres e pensadores, como Otávio de Freitas e Fernando Figueira, cujas contribuições ecoam até hoje nos corredores da universidade e nas práticas da medicina pública.
Mais do que tradição, o CCM é resistência. Enfrentamos um cenário de cortes orçamentários e precarização do ensino superior, mas seguimos firmes. Inovamos, mesmo com poucos recursos. Construímos pontes entre saberes, entre disciplinas, entre territórios. Inserimos nossos estudantes em projetos interdisciplinares, startups, intercâmbios, e diálogos com as ciências humanas e exatas. Acreditamos que a formação médica deve integrar o técnico ao ético, o científico ao sensível.
Formar um médico é, portanto, formar um leitor do corpo e da vida. Seguimos a antropologia médica de François Laplantine, que nos lembra que cada paciente carrega uma biografia, uma linguagem, uma história: o médico precisa ser capaz de escutar essa singularidade. E, para isso, precisa ser bem formado.
Mas há desafios. A lógica do mercado insiste em seduzir a juventude médica com promessas imediatistas. A burocracia teima em engessar o espírito crítico. E projetos de avaliação isolada, como o exame único, ameaçam reduzir a complexidade da formação a uma métrica rasa. Rejeitamos esse caminho. Defendemos uma avaliação contínua, progressiva e formativa, que valorize o percurso, o processo, o amadurecimento.
Gestar uma escola pública de medicina exige mais do que boa vontade. Requer visão, compromisso e coragem para enfrentar o imobilismo institucional e reivindicar autonomia. Precisamos reimaginar nosso financiamento, ampliar nossas alianças com a sociedade civil e o setor produtivo — sem perder nossa vocação inclusiva e transformadora.
Em 2025, celebramos 100 anos da primeira turma de médicos da FMR. Mas não se trata apenas de olhar para trás. Nosso compromisso está adiante: queremos uma universidade que floresça talentos, acolha a diversidade e projete o Brasil no mundo com ciência, empatia e responsabilidade.
Assim como Hipócrates compreendeu a medicina como um saber voltado à experiência humana, o CCM honra sua trajetória ao conjugar tradição e inovação, memória e futuro, resistência e renovação. Viva o Centro de Ciências Médicas da UFPE, viva a Ciência. Temos muito que exaltar nossa memória e colocá-la no caleidoscópio do futuro.
Essa é a missão do Centro de Ciências Médicas da UFPE. Criado em 2018, o CCM carrega em seu DNA um século de história e se consolida como espaço de excelência na formação, na pesquisa e na inovação em saúde. Integrando a graduação médica, programas de pós graduação e laboratórios, o centro representa a incorporação da FMR e a continuidade de uma linhagem de grandes mestres e pensadores, como Otávio de Freitas e Fernando Figueira, cujas contribuições ecoam até hoje nos corredores da universidade e nas práticas da medicina pública.
Mais do que tradição, o CCM é resistência. Enfrentamos um cenário de cortes orçamentários e precarização do ensino superior, mas seguimos firmes. Inovamos, mesmo com poucos recursos. Construímos pontes entre saberes, entre disciplinas, entre territórios. Inserimos nossos estudantes em projetos interdisciplinares, startups, intercâmbios, e diálogos com as ciências humanas e exatas. Acreditamos que a formação médica deve integrar o técnico ao ético, o científico ao sensível.
Formar um médico é, portanto, formar um leitor do corpo e da vida. Seguimos a antropologia médica de François Laplantine, que nos lembra que cada paciente carrega uma biografia, uma linguagem, uma história: o médico precisa ser capaz de escutar essa singularidade. E, para isso, precisa ser bem formado.
Mas há desafios. A lógica do mercado insiste em seduzir a juventude médica com promessas imediatistas. A burocracia teima em engessar o espírito crítico. E projetos de avaliação isolada, como o exame único, ameaçam reduzir a complexidade da formação a uma métrica rasa. Rejeitamos esse caminho. Defendemos uma avaliação contínua, progressiva e formativa, que valorize o percurso, o processo, o amadurecimento.
Gestar uma escola pública de medicina exige mais do que boa vontade. Requer visão, compromisso e coragem para enfrentar o imobilismo institucional e reivindicar autonomia. Precisamos reimaginar nosso financiamento, ampliar nossas alianças com a sociedade civil e o setor produtivo — sem perder nossa vocação inclusiva e transformadora.
Em 2025, celebramos 100 anos da primeira turma de médicos da FMR. Mas não se trata apenas de olhar para trás. Nosso compromisso está adiante: queremos uma universidade que floresça talentos, acolha a diversidade e projete o Brasil no mundo com ciência, empatia e responsabilidade.
Assim como Hipócrates compreendeu a medicina como um saber voltado à experiência humana, o CCM honra sua trajetória ao conjugar tradição e inovação, memória e futuro, resistência e renovação. Viva o Centro de Ciências Médicas da UFPE, viva a Ciência. Temos muito que exaltar nossa memória e colocá-la no caleidoscópio do futuro.