Por uma indústria mais justa e inclusiva

Caroline Souto Maior
Diretora da Fiepe e presidente do Comitê Feminino de Liderança Setorial da Fiepe

Publicação: 30/04/2025 03:00

O lançamento do Comitê Feminino de Liderança Setorial pela Fiepe, no dia 28 de abril, não é apenas mais uma ação institucional. É um passo simbólico — e necessário — rumo a uma transformação que a indústria pernambucana há muito tempo precisa encarar: o enfrentamento da desigualdade de gênero.

Ainda que mulheres estejam cada vez mais presentes nas universidades e ocupando espaços estratégicos na sociedade, a indústria permanece como um território predominantemente masculino.

A pesquisa feita pelo Senai-PE com 105 empresas do setor produtivo local revela essa realidade com clareza. Mesmo com dados do IBGE indicando que as mulheres têm maior escolaridade, ainda se repete o discurso de que faltam profissionais femininas qualificadas para atuar em áreas técnicas. Algo não fecha.

O estudo mostra que as barreiras não estão apenas no acesso, mas no imaginário sobre o que mulheres podem ou não fazer. Micro e pequenas empresas, por exemplo, apontam a falta de força física como obstáculo — um argumento que deveria estar superado em pleno 2025. A presença feminina em ambientes industriais não é apenas uma questão de competência (que elas já têm), mas de vontade política, cultural e estrutural de abrir espaços reais.

Por outro lado, é animador ver que quase metade das médias e grandes empresas começa a desenhar estratégias para ampliar a participação feminina. Programas de capacitação, estágios e bolsas voltadas às mulheres são bons caminhos, mas ainda tímidos diante do tamanho do desafio. A transformação que se espera exige mais do que ações pontuais: requer mudança de mentalidade e compromisso efetivo com a equidade.

A criação do Comitê surge, portanto, como uma oportunidade concreta de virar essa chave. Ao reunir lideranças, promover debates e propor políticas, a iniciativa pode catalisar um novo olhar sobre o papel das mulheres na indústria pernambucana. Uma indústria mais diversa não é apenas mais justa — ela também é mais inovadora, produtiva e conectada com os tempos atuais.

Que o Comitê não seja apenas uma boa intenção, mas um espaço de construção coletiva para romper velhos padrões e abrir caminho para um setor verdadeiramente inclusivo. Afinal, promover a igualdade de gênero não é só cumprir um ODS da ONU. É, acima de tudo, reconhecer o direito das mulheres de ocuparem todos os espaços — inclusive os da indústria. E posso garantir que o Sistema Fiepe, junto com Sesi-PE, Senai-PE, está empenhado em fazer.